Resumo

O debate sobre o tipo de racionalidade predominante nas organizações é antigo, e envolve uma gama variada de autores de diferentes tendências teóricas (RAMOS, 1981; SERVA, 1997; TENÓRIO, 1998, 2004). Vizeu (2006) concorda com Silveira (2008), ao identificar que a discussão sobre racionalidade vem ganhando notoriedade nos estudos das organizações, no entanto, não foi encontrada pesquisa que focasse a racionalidade instrumental e comunicativa na gestão de cooperativas.

Essa pesquisa apresenta o seguinte problema de pesquisa: Como a racionalidade em organizações cooperativas é abordada em estudos internacionais? Esse problema pode ser analisado por meio de uma pesquisa bibliométrica que permitirá compreender o campo das organizações cooperativas com base na racionalidade instrumental e comunicativa e identificar como a racionalidade vem sendo abordada nesse tipo de organização.

Realizou-se uma ampla discussão teórica sobre duas formas de agir em uma cooperativa, por meio da racionalidade instrumental, essa abordada nesse estudo pela obra ‘A lógica da ação coletiva’ de Mancur Olson (1999) e a racionalidade comunicativa pela obra ‘O Agir Comunicativo’ de Jürgen Habermas (2012). Para Olson, os indivíduos tendem a participar de ações coletivas apenas quando estas lhes trazem lucros e benefícios individuais. Já Habermas acredita que a razão é baseada na busca pelo consenso por meio de um diálogo entre os indivíduos na busca do entendimento.

A busca realizada na Web of Science com os termos cooperative e rationality apresentou um resultado de 234 artigos, sendo que apenas 14 desses abordam, de fato, cooperativas e racionalidade. Com base em toda a análise da publicação por ano, dos artigos mais citados, dos autores e suas obras mais citadas, dos periódicos, das palavras-chaves e das categorias, observou-se que Mancur Olson e Habermas não são citados com frequência nos artigos, mas apesar disso, há uma grande abrangência da área econômica e, consequentemente, da racionalidade instrumental nos estudos.

Diante do campo de estudos pesquisado, observou-se que o campo ainda é considerado limitado por não haver um número considerável de artigos que discutem, de forma conjunta, cooperativas e racionalidades. Sendo assim, com base nos dados que a bibliometria apresentou, identificou-se que a racionalidade é um termo apresentado significativamente nos artigos, porém, aplicada a diversos campos, como organizações privadas, relação entre países, entre organizações ambientais e entre indivíduos e, também, entre cooperativas, porém, como já foi citado, esse campo ainda é pequeno nos estudos.

GUEDES, V. L. S., BORSCHIVER, S. Bibliometria: uma ferramenta estatística para a gestão da informação e do conhecimento, em sistemas de informação, de comunicação e de avaliação científica e tecnológica. In: CINFORM – Encontro Nacional de Ciência da Informação, 6., 2005, Salvador. Anais...Salvador: ICI/UFBA, 2005. HABERMAS, J. Teoria do Agir Comunicativo. Sobre a crítica da razão funcionalista. (Trad.) SIEBENEICHLER, F. B. São Paulo: WMF Martins Fontes, 2012. OLSON, M. A lógica da ação coletiva: os benefícios públicos e uma teoria dos grupos sociais. São Paulo: EDUSP, 1999.