Resumo

A introdução de novas estratégias de gestão e tecnologias de produção no mundo do trabalho trouxe aliada a uma maior produtividade do trabalhador o adoecimento laboral. A intensificação do trabalho como resultado dos reflexos da flexibilização, aumento da jornada de trabalho e da polivalência funcional são vistos como efeitos negativos da qualidade precária do trabalho e o aumento do mal-estar laboral (CARDOSO; CARVALHO 2009). Diante disso, novas demandas como pressões constantes, exigências por resultados, precarização d

O presente estudo objetivou investigar no contexto de trabalho de agentes de trânsito, as experiências advindas de atendimentos com morte de pessoas vítimas do trânsito e os riscos psicossociais que envolvem o trabalhador, bem como identificar junto ao setor responsável da empresa em estudo, qual é o suporte de Gestão de Pessoas dados aos trabalhadores como forma de apoio e prevenção aos riscos psicossociais.

Uma sondagem de opinião europeia realizada pela EU-OSHA (Agência Europeia para a Segurança e a Saúde no Trabalho) demonstra que metade dos trabalhadores avalia natural a condição de estresse laboral no local de trabalho. As causas mais corriqueiras de danos psicológicos ocorridos de relações de trabalho são a reorganização do trabalho, insegurança e a violência física ou psíquica. Nesse sentido,Risco Psicossocial pode ser compreendido como as interações entre o conteúdo do trabalho, organização, gestão,condições ambientais e organizacionais

Estudo de caso. Para atingir o objetivo proposto, foram realizadas entrevistas semi-estruturadas com onze agentes de trânsito, dois profissionais de RH e um Diretor da empresa. A coleta de dados também aconteceu por meio de observação direta de um dia de trabalho do agente de trânsito. A análise de conteúdo seguiu as orientações propostas por Bardin (2009).

Pode-se observar que os agentes se deparam frequentemente com a morte através do atendimento de ocorrências de acidentes de trânsito que, por vezes, possuem vítimas fatais. Verificou-se que a totalidade dos agentes participantes do estudo já atenderam acidentes graves e com óbitos e isso se demonstra como uma prática rotineira da sua atividade, no entanto não foi verificado acompanhamento ou apoio de forma regular de Gestão de Pessoas diante dessas vivências cotidianas.

Conclui-se que diante das experiências constantes dos agentes no atendimento a vítimas graves e fatais de acidentes de trânsito esses colaboradores tornam-se propensos a riscos psicossociais. Entende-se que tais riscos podem ser provenientes de sua atividade laboral por serem exposto regularmente a situações que exigem um suporte da empresa que não lhes é fornecido de forma eficaz.

CARDOSO, S. U.; CARVALHO, R. A. A. Significações psicossociais sobre o sentido do trabalho e a competitividade em modos de produção contemporâneos. Revista Eletrônica de Ciência Administrativa, v. 8, n. 2, p. 224-240, 2009. KAMIMURA Q.P., TAVARES R. S. C. R. Acidentes do Trabalho Relacionados a Transtornos Psicológicos Ocupacionais. RGSS. 2012. BARDIN, L. Análise de Conteúdo. Lisboa, Portugal; Edições 70, LDA, 2009.