1 - Ana Paula Cruz Fernandes PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS (PUC MINAS) - Betim
2 - Carolina Maria Mota Santos PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS (PUC MINAS) - Administração
3 - Erica Cristina Pereira Lima de Souza PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS (PUC MINAS) - Coração Eucarístico
Reumo
Assumir a transgeneridade no Brasil vem acompanhado por um desamparo não somente social, mas também laboral. Indivíduos transgêneros tendem a vivenciar dificuldades de aceitação e constrangimentos no contexto do trabalho devido a uma interpretação social que afirma que aqueles que não se enquadram nas características da condição cisgênera, não possuem padrões de comportamento condizentes a norma social (Licciard, Waitmann e Marques; 2015). O abandono social tende a provocar sofrimento podendo levar ao adoecimento psíquico desse público (Testa, Michaels, Bliss, Rogers, Balsam & Joiner, 2017).
Percebe-se que profissionais de RH precisam ter um olhar mais humanizado sobre as questões que envolvem a transgeneridade, a fim de inserir estratégias que diminuam a discriminação. Sendo assim, este artigo tem por objetivo compreender as dificuldades enfrentadas por indivíduos transgêneros no mercado de trabalho, correlacionando os relatos dos entrevistados do documentário “De Gravata e Unha Vermelha” quanto às dificuldades vivenciadas por eles em relação ao campo laboral com a literatura que fundamenta este trabalho.
O referencial teórico analisa a terminologia transgênero e trata os aspectos da inserção e participação deste público no mercado de trabalho. Além disso, discute as maiores dificuldades encontradas pelos trans, tais como: resistência; instabilidade no emprego; baixas remunerações e prostituição; negar e/ou postergar a identificação transgênero para preservar a atividade profissional e; a “não” atuação das empresas e profissionais de Recursos Humanos. Posteriormente, compara os achados da literatura com o documentário brasileiro, “De gravata e unha vermelha”, dirigido por Miriam Chnaiderman.
São diversas as barreiras encontradas pelo público trans. Dificuldades que se iniciam pela própria aceitação, mas também aspectos relacionados à família e a área educacional. Entretanto, o enfoque deste trabalho foi discutir as barreiras encontradas no campo laboral. Nesta temática a literatura trata de quatro grandes dificuldades: (1) resistência; (2) instabilidade no emprego; baixas remunerações e prostituição; (3) negar e/ou postergar a identificação transgênero para preservar a atividade profissional e; (4) a “não” atuação das empresas e profissionais de Recursos Humanos.
Percebe-se através dos relatos dos entrevistados do documentário e das bibliografias utilizadas para composição desse artigo que as experiências vivenciadas no campo do trabalho para os indivíduos transgêneros são cercadas de diversas formas de preconceito e exclusões que perpassam todas as esferas do sujeito trans, impactando sua inserção e permanência no emprego. E que estas dificuldades fazem com que em muitos casos homens e mulheres optem em ocultar e/ou postergar se revelar trans para conseguir uma colocação profissional, como também para preservar o emprego.
Carrieri, A. D. P., Aguiar, C., Rosa, A., & Rodrigues Diniz, A. P. (2013). Reflexões sobre o indivíduo desejante e o sofrimento no trabalho: o assédio moral, a violência simbólica e o movimento homossexual. Cadernos Ebape. br, 11(1).
Samari, G. & Coleman-Minahan, K. (2017). Parental Gender Expectations By Socioeconomic Status And Nativity: Implications For Contraceptive Use. Sex Roles A Journal Of Research, Pp. 1-16.
Saraiva, L. A. S., & dos Reis Irigaray, H. A. (2009). Políticas de diversidade nas organizações: uma questão de discurso?. RAE-Revista de administração de empresas, 49(3), 337-34