Efeito Disposição na Negociação de Ações
Finanças comportamentais
Aversão ao risco.
Área
Finanças
Tema
Estrutura de Propriedade e Reestruturações
Autores
Nome
1 - Elisane Teresinha Brandt UNIVERSIDADE REGIONAL DE BLUMENAU (FURB) - Campus I
2 - Josiane de Oliveira Schlotefeldt UNIVERSIDADE REGIONAL DE BLUMENAU (FURB) - Blumenau
3 - Tarcísio Pedro da Silva UNIVERSIDADE REGIONAL DE BLUMENAU (FURB) - Professor Programa de Pós-Graduação em Ciências Contábeis
4 - Newton C. A. da Costa Jr. PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO PARANÁ (PUCPR) - Prado Velho
Reumo
Kahneman e Tversky (1979) confrontaram o paradigma tradicional de finanças por meio da Teoria do Prospecto, com o intuito de explicar os vieses cognitivos e esclarecer que a tomada de decisão não é inteiramente racional. No âmbito da tomada de decisão em investimentos financeiros, o comportamento humano pode ser influenciado, além de outros fatores, pelo efeito disposição e o conservadorismo (KIMURA; BASSO; KRAUTER, 2006, SHEFRIN; STATMAN, 1985).
O conservadorismo e o efeito disposição podem ser mais intensos se o indivíduo tiver que compartilhar seus resultados ou desempenho com os demais, bem como se trabalharem em equipe. Diante do exposto, tem-se a questão que norteia a pesquisa: Qual a influência de realizar investimentos em equipes e de divulgar os resultados no efeito disposição de investidores? Nesse sentido, os objetivos do estudo são analisar a influência do investimento em equipe no efeito disposição, bem como a influência da divulgação dos resultados no efeito disposição de investidores.
O efeito disposição é a tendência que os investidores possuem de vender ações lucrativas muito rapidamente, e manter ações perdedoras por mais tempo (SHEFRIN; STATMANN, 1985). Com o aumento das evidências de que profissionais começaram a negociar em conjunto e mais investidores começaram a discutir investimentos em clubes de mercados de ações (RAU, 2015), surgiu a preocupação com o conservadorismo e efeito disposição nesses grupos, no entanto, os resultados também são contraditórios. Baker et al (2008) e Masclet et al (2009) afirmam que grupos são mais avessos ao risco do que os indivíduos.
Foi realizado um experimento com 487 (147 duplas e 193 individuais) alunos do ensino médio de escolas públicas. O experimento foi realizado utilizando o software EXPECON, criado conforme Goulart et al (2008) para simulações de investimentos simplificadas. Para medir o efeito disposição, o estudo se baseou em Odean (1998).Foram realizados testes de médias entre a proporção de ganhos e perdas e o efeito disposição entre os tratamentos, bem como três regressões lineares.
De um modo geral, não houve efeito disposição entre os participantes. No entanto, pode-se inferir que quem negociou individualmente possui uma proporção de ganhos e de perdas maior que a de quem trabalha em dupla, e que conforme os resultados, isso implicaria para os indivíduos uma menor aversão ao risco. Quem divulgou seu resultado possui tanto PPG como PPR maior do que quem não divulga, o que demonstra que quem divulga seus resultados é menos avesso ao risco. Quanto às transações, os indivíduos que jogaram sozinhos tiveram o maior número, indicando menos aversão ao risco.
Não houve a presença de efeito disposição para a amostra, não podendo ser confirmadas as hipóteses de que investidores em equipe possuem maior efeito disposição, e que esses influenciam no efeito disposição. Esses resultados podem ser devidos à falta de incentivo aos participantes, já que em mercados financeiros os investidores não negociam sem um objetivo financeiro. Esses achados inconsistentes com a literatura podem ser devidos aos estudantes, e que esses conforme Cameron et al (2014), são menos avessos ao risco, e menos capazes de aplicar conhecimentos às situações financeiras pessoais.
KAHNEMAN, D; TVERSKY, A. Prospect Theory: na analysis of decision under risk. Econometrica. v. 47, n.2, 1979. ODEAN, T. Are investors reluctant to realize their losses? Journal of Finance. v. 53, p.1775-1798, 1998. RAU, H.A. The disposition effect in team investment decisions: expermiental evidence. Journal of Banking & Finance. v.61, p.272-282, 2015. SHEFRIN, H.; STATMANN, M. The disposition to sell winners too early and ride losers too long: theory and evidence. Journal of Finance. v. 40, n. 3, 1985.