Resumo

Em uma economia, cada vez mais dinamizada e integralizada, adicionada de informações constantemente permeabilizadas nos setores agroindustriais, a simetria informacional e o desenvolvimento econômico tanto dos produtores quanto dos torrefadores são postos em pauta, requerendo uma análise racional e comportamental de seus agentes. Embora incipiente nos estudos acadêmicos, o Direct Trade tem demonstrado um aumento considerável, nos últimos anos, dentro do agronegócio café. Isso se dá pela similaridade entre os padrões exigidos pelas certificadoras e os torrefadores que compram via Direct Trade.

Justificou-se pela indispensabilidade de fomentar novos estudos acerca dos mecanismos de coordenação, voltados ao desenvolvimento mercadológico do setor de cafés de qualidade através do Direct Trade, e nortear novas perspectivas de aumento de cafés não certificados, que possuem qualidade superior. Ao considerar as interferências que existem no mercado do café, o problema da pesquisa analisado foi: quais são as premissas que fazem o torrefador optar por comprar café pelo Direct Trade em vez de outros modelos de aquisição de café de qualidade como o de cafés certificados ou mercado convencional?

O Direct Trade concebe-se como um negócio cuja assimetria de informação é reduzida, o produtor recebe assistência e suporte do torrefador e o consumidor adquire “aquele café” com o qual ele mais se identifica. Isto muda a dinâmica do mercado e as ações dos agentes. Ao citar mudanças, um novo conceito, para delinear os mercados no agronegócio café, aflora: são as “ondas do café”. As redes organizacionais, as Premissas da economia dos custos de transação, presunções comportamentais dos agentes como a racionalidade limitada, oportunismo e assimetria de informação irá impactar nos custos finais.

Esta pesquisa, no que se refere a seu conceito, caracterizou-se como qualitativa com cunho descritivo-exploratório, através de estudo de casos, obtendo dados primários através de entrevistas semiestruturadas, realizadas presencialmente no Brasil (região do Sul de Minas) e Estados Unidos (New York) e dados secundários através de artigos, revistas entre outros meios que versavam sobre a temática em questão.

Pode-se identificar pela teoria da Economia dos Custos de Transação (ECT) os gaps existentes, nesta quase inaudita cadeia do comércio direto do café, em cujo ambiente organizacional do cafeicultor e torrefador, por serem distintos, seja no modelo racional, como no ambiente geográfico, levam a uma discrepante assimetria informacional entre esses agentes, ficando evidente que, enquanto as cafeterias focam na qualidade de seus cafés vendidos, os cafeicultores, não demonstram conhecimento sobre os recursos, assessoramento e relação de longo prazo, onde tudo isso, reduz a otimização dos ganhos.

Infere através deste trabalho sob a perspectiva da teoria da Economia dos Custos de Transação que o Direct Trade permite uma estrutura de governança mais enxuta do que a cadeia do agronegócio café tradicional; reduz as ações oportunistas, quando a assimetria de informação é pequena, ou seja, quando há uma relação bilateral eficiente e ampliando a racionalidade dos agentes quanto às possibilidades de ganhos entre os agentes. A ECT pode comprovar que, nos ambientes institucionais, há maneiras de se reduzir a assimetria de informação pela relação mútua entre os agentes e aumento do lucro final.

ANDRADE, H. C. C. et al. Atribuição de sentidos e agregação de valor: insumos para o turismo rural em regiões cafeicultoras. Revista Brasileira de Ecoturismo, São Paulo, v. 8, n. 2, p. 333-346, 2015. GUIMARÃES, E. R. Terceira onda do café: base conceitual e aplicações. 2016. 135 p. Dissertação (Mestrado em Administração) - Universidade Federal de Lavras, Lavras, 2016. MELLO, R. B. Information systems in the coffee marketing in an Agricultural Cooperative in Southern Minas Gerais. 2014. 72 f. Dissertação (Mestrado em Ciências Agrárias) - Universidade Jose do Rosario Vellano, Alfenas, 2014.