Resumo

Título do Artigo

Internacionalização de Empresas e Sustentabilidade: Uma Relação Insustentável
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Palavras Chave

Internacionalização
Sustentabilidade
Paradigma Eclético

Área

Gestão Socioambiental

Tema

Responsabilidade Social Corporativa (RSC)

Autores

Nome
1 - Beatriz Lima Zanoni
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE LONDRINA (UEL) - Centro de Estudos Sociais Aplicados

Reumo

As relações de dominação existentes entre matrizes de organizações instaladas em países do Norte e filiais instaladas em países do Sul, caracterizam relações neocolonialistas (BANERJEE, 2003). A internacionalização é interpretada, portanto, como processo que reforça o cenário de dominação por meio do fortalecimento do sistema capitalista, sistema este considerado incongruente no que diz respeito à sustentabilidade. Isto posto, a presumida concordância entre os princípios da internacionalização e da sustentabilidade são consideradas, neste ensaio teórico, como insustentáveis (O’CONNOR, 2002).
Este ensaio teórico tem como objetivo analisar a postura das organizações internacionalizadas em relação à sustentabilidade, a partir das características dos processos de internacionalização, verificando como se dá a relação entre matriz e filial, e seus respectivos países.
O interesse de uma organização ao internacionalizar-se é impulsionado por quatro razões principais: Rescource Seeking, Efficiency Seeking, Market Seeking, e Strategic Assets Seeking (DUNNING; RUGMAN, 1985). Percebe-se que a essência das quatro razões está no aumento do lucro, contudo, o caráter explorador das organizações emerge à medida que se questiona como construir paralelamente ao desenvolvimento econômico, uma realidade organizacional sustentável. As incongruências destas práticas caracterizam, assim, as falácias do discurso do capitalismo sustentável (O'CONNOR, 2002).
As três etapas do processo de internacionalização do Paradigma Eclético, podem ser caracterizadas com, ao menos, um aspecto insustentável. Esta caracterização é explicada uma vez que há incongruências entre os princípios capitalistas e a sustentabilidade (O’CONNOR, 2002). Desta forma, acredita-se que discurso sustentável elaborado pelas matrizes de multinacionais não deve ser criticado apenas pelas promessas que não se cumprem, mas pela tentativa simbólica e informal de dar continuidade às antigas relações de dominação, bem como pela tentativa de permanecer no poder (BOURDIEU, 2012).
Ao retomar as variáveis do modelo do Paradigma Eclético, percebe-se que o poder econômico das organizações internacionalizadas, acaba por ditar as regras e leis conforme seus interesses. Formalmente, as políticas públicas são construídas e guiadas por agentes da esfera pública, no caso das políticas sobre sustentabilidade das organizações internacionalizadas, entretanto, o capitalismo assume papel principal, e os indivíduos e a natureza tornam-se passíveis de precificação e manipulação advindas de multinacionais.
BANERJEE, S. B. Who Sustains Whose Development? Sustainable Development and the Reinvention of Nature. Organization Studies, v. 24, n. 1, p. 143-80, 2003. BOURDIEU, P. O poder simbólico. 16. ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2012. DUNNING, J.H.; RUGMAN, A. M. The Influence of Hymer’s Dissertation on the Theory of Foreign Direct Investment. American Economic Review: Papers and Proceedings, v. 75, n. 2, p. 228 – 260, 1985. O´CONNOR, J. ¿Es posible el capitalismo sostenible?" Papeles de población, v. 6, n. 24, p. 9-35, 2002.