Resumo

O presente estudo explicita as concepções decorrentes da vivencia no trabalho cotidiano dos servidores sobre a sua Qualidade de vida no trabalho (QVT) e as de práticas profissionais adotadas para se adaptarem as condições de ergonomia em seu trabalho.As condições de trabalho apresentaram-se como geradoras de gaps entre o trabalho prescrito e real, em mútua influência com a ocorrência de adoecimento de servidores o trabalho vivenciado no cotidiano e na sua QVT percebida.

As organizações públicas, em sua grande parte, enfrentam problemas em termos estrutura física e há também o risco de sucateamento das instalações. Tal fato se ocorre pelo investimento insuficiente que prejudica a modernização e adequação da estrutura. Estes problemas na estrutura física inadequada relacionam-se com aspectos dos fatores ergonômicos constitui a principal causa de adoecimento dos trabalhadores. Pois o trabalho deveria ser realizado em condições ergonômicas ou adequadas a tarefa.

A pesquisa aborda os conceitos Qualidade de vida no Trabalho- QVT: que envolve as condições físicas, mas também um conjunto de condições psicológicas e sociais do ambiente de trabalho e principalmente como esta se dá na vivencia dos servidores. Também explora os conceitos de Ergonomia e Ergonomia da atividade. Outro conceito abordado é da Práticas adotadas Pois novas práticas profissionais podem ser adotadas, por um grupo de trabalhadores frente as suas vivencias seja estas negativas como de estrutura física inadequada, a fim de garantir alguma QVT.

Com o objetivo de compreender o fenômeno de “como” as práticas ergonômicas adotadas pelos trabalhadores revelam suas concepções desenvolvidas pela vivencia laboral e sobre a própria QVT, a pesquisa foi configurada um estudo de caso e aplicou-se a abordagem fenomenográfica. O foco de estudo foi descrição, análise e compreensão de como as pessoas interpretam, vivenciam e compartilham a realidade dentro em mesmo grupo laboral.. Os quinze participantes da pesquisa ocupam cargos de técnico administrativos de nível superior, médio e fundamental e realizam atividades administrativas e informatizadas.

A pesquisa partiu da suposição de que as práticas de ergonomia que os servidores adotam, diante das necessidades vividas no seu dia a dia do trabalho, influenciam a concepção sobre o próprio trabalho e QVT do trabalhador. Cinco concepções, foram encontradas, da vivencia e as práticas ergonômicas adotadas influenciando a percepção da própria QVT, são: (i) Fatores da estrutura física de trabalho; (ii) Risco a saúde; (iii) Estresse físico e psicológico; (iv) Práticas ergonômicas adotadas e (v) Satisfação no trabalho.

A partir do desenvolvimento desta pesquisa, que teve como objetivo principal responder como as práticas de ergonomia adotadas influenciam na concepção de QVT Evidenciou-se a adaptação do homem ao trabalho, contradizendo o princípio básico da ergonomia, qual seja, “adaptação do trabalho ao homem”. Explicitou-se a prática da ergonomia organizacional por servidores a fim de contornar as vivencias negativas presentes no contexto laboral e assim se favorecer satisfação no trabalho mesmo diante de uma QVT percebida por eles como insuficiente.

ANTUNES, R; PRAUN, L. A sociedade dos adoecimentos no trabalho. Revista: Serviço Social e Sociedade. São Paulo, n. 123, p. 407-427, 2015. BOAS, A. A. V.; MORIN, E, M. Qualidade de Vida no Trabalho: Um Modelo Sistêmico de Análise. Revista de Administração em Diálogo, v 19, n 2, p. 62-90, 2017. FERREIRA, M.C. Ergonomia da Atividade aplicada à Qualidade de Vida no Trabalho: lugar, importância e contribuição da Análise Ergonômica do Trabalho (AET). Revista Brasileira de Saúde Ocupacional. São Paulo, v 40, n 131, p18-29, 2015.