Resumo

Título do Artigo

A voz do trabalhador: uma análise sobre seus antecedentes em empresas privadas no Brasil
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Palavras Chave

Voz
Intenção
Brasil

Área

Gestão de Pessoas

Tema

Políticas, Modelos e Práticas

Autores

Nome
1 - Michele Ruzon Kassem
Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo - FEA - Administração
2 - Wilson Aparecido Costa de Amorim
Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo - FEA - Administração

Reumo

A voz do trabalhador é um campo de estudo vibrante e em crescimento na literatura internacional, mas ainda pouco explorado na literatura brasileira. A transposição da análise da voz entre diferentes contextos não é tarefa simples, pois a voz está sujeita a influências da legislação, de aspectos legais e da situação econômica da região, portanto, diversos autores defendem o desenvolvimento de estudos contextualizados da voz, de modo a observar os diferentes interesses de seus envolvidos e as diferentes estratégias adotadas sobre a voz.
Este artigo propõe-se a estudar a voz no contexto das relações de emprego em empresas privadas no Brasil, questionando como os trabalhadores percebem o contexto para vozear. Para tal, define-se como objetivo geral a verificação e análise dos antecedentes da voz do trabalhador (atitudes, normas subjetivas e percepção de controle), conforme a Teoria do Comportamento Planejado (TPB - Theory of Planned Behavior).
O contexto das relações de emprego brasileiro é descrito na literatura como uma Economia de Mercado Hierárquico, marcado pela rigidez e atomicidade das relações. Neste contexto, espera-se que o comportamento de vozear seja pouco valorizado pelas organizações e, portanto, que os trabalhadores apresentem baixa intenção de vozear (identificada por meio dos antecedentes da voz, conforme a TPB). A literatura internacional ainda indica outras influências sobre o comportamento de vozear, como características individuais (sexo, cor, etc) e a adoção de mecanismos de voz por iniciativa da empresa.
Utilizou-se de dados disponibilizados da pesquisa Melhores Empresas para Trabalhar (MEPT), aplicando-se técnicas estatísticas descritivas, correlações e regressões hierárquicas, considerando como variáveis dependentes os antecedentes da intenção de vozear (atitude, normas subjetivas e percepção de controle) e como variáveis independentes as características individuais dos trabalhadores (sexo, cor, idade, escolaridade, tempo de empresa e posição da estrutura organizacional) e organizacionais (adoção de mecanismos de voz e variação do quadro de empregados no ano).
A amostra apresentou altos índices de atitude, normas subjetivas e percepção de controle sobre o comportamento de vozear, refutando a hipótese sobre o contexto de alta rigidez e atomicidade das relações de emprego no Brasil. Note-se que a amostra apresenta características distintas em relação à população brasileira total empregada (profissionais mais jovens e mais qualificados), representando um recorte específico da realidade e indicando possíveis influências da dinâmica do mercado de trabalho sobre a demanda de voz por parte das empresas e da oferta de voz dos trabalhadores.
Os resultados encontrados na amostra brasileira apresentam singularidades em relação à literatura internacional sobre as influências individuais (o trabalhador tende a apresentar maiores índices nos antecedentes da intenção de vozear quando é minoria quanto à sua cor, foi contratado há pouco tempo, apresenta baixa escolaridade e é mais velho que os demais) corroborando a necessidade de estudos contextualizados. Além disso, apontam influências da cultura brasileira e possibilidades de retórica organizacional quanto à demanda de voz, sugerindo-se novos estudos para aprofundamento do debate.
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