Negócios Sociais
Organizações da Sociedade Civil
Gestão da Mudança
Área
Empreendedorismo
Tema
Empreendedorismo Social
Autores
Nome
1 - Juliana Rodrigues Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo - FEA - Administração
2 - CÁSSIO AOQUI Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo - FEA - São Paulo
3 - Ana Carolina Ferreira de Siqueira Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo - FEA - Campus Capital
4 - ROSA MARIA FISCHER Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo - FEA - Depto de Administração
Reumo
Devido ao contexto econômico e social dos últimos anos, diversas OSCs (organizações da sociedade civil) deixaram de receber doações dos seus apoiadores tradicionais, como governo, empresas e órgãos internacionais. Muitas delas viram-se sem recursos financeiros para desenvolver suas atividades, o que as levou procurarem fontes alternativas de financiamento, como a atuação como negócio social (em que a mudança social é alcançada por meio de mecanismos de mercado).
Este artigo se propõe a descrever e analisar como se dá a concepção e a implementação de um novo modelo de atuação em OSCs que se transmutam de entidades dependentes de doações para negócios sociais. Aproveitando a experiência nas áreas de Educação e Saúde com projetos de arte-educação, a Arte Despertar, organização com 20 anos de existência, pretende oferecer programas de desenvolvimento de competências comportamentais a profissionais de Saúde, denominado como seu negócio social.
Os desafios enfrentados pela organização para conceber e transitar para um modelo de negócio social foram analisados pelas lentes relacionadas ao tema da emergência do empreendedorismo social (BATTILANA et al., 2012; FISCHER; COMINI, 2012; NAIGEBORIN, 2013). Adotou-se o método de estudo de caso único (YIN, 2001), empregando referencial teórico sobre mudanças organizacionais em larga escala (LEDFORD JR. et al., 1989) e abordagem contextualista de gestão de processos de mudança (PETTIGREW, 1985).
Para alcançar esse objetivo, foi realizado um estudo de caso único (YIN, 2001), por meio de entrevistas e extensa análise documental, com uma organização que atua nas áreas de educação e saúde. A escolha da organização se justifica pela notoriedade conquistada por ela, uma das pioneiras no Brasil em sua área, com quase 20 anos de atuação reconhecida.
Identificou-se que há diversos desafios e novas competências necessárias para essa transição. Aprender a se relacionar com um novo ator, o mercado, é um dos principais desafios da organização social que busca inserir novas atividades em seu portfólio ou fazê-las de forma diferente. A organização buscamalcançá-los por meio de interação com stakeholders, principalmente externos. Os stakeholders internos, tais como funcionários não costumam ser consultados para cocriação da nova forma de atuação.
A mudança ainda está em curso na organização que atua como OSC e negócio social. Equilibrar essas duas concepções de forma coerente exige grande esforço. Ainda há o desafio de posicionar e comunicar como é o todo da nova organização, de modo assertivo, e sua visão como negócio social. Aos empreendedores sociais e do terceiro setor, busca oferecer reflexões que podem direcionar seus esforços e investimentos.
BATTILANA, Julie et al. In Search of the Hybrid Ideal. Stanford Social Innovation Review v. 10, n. 3, p. 49–55 , 2012.
FISCHER, Rosa Maria; COMINI, Graziella Maria. Sustainable development: from responsibility to entrepreneurship. Revista de Administração v. 47, n. 3, p. 363–369 , 2012.
PETTIGREW, Andrew M. Contextualist research: A natural way to link theory and practice. Doing Research That Is Useful for Theory and Practice., 1985. p. 222–248.