Resumo

Apesar de diversos estudos testarem a efetividade da Ect (RUESTER, 2010), esta enfrenta algumas críticas. Dentre as críticas, destaca-se aqui a referente à forma na qual a teoria trata dos aspectos sociais (GRANOVETTER, 1985; VAN DE VEN; LIFSCHITZ, 2013). Diante de tais críticas, alguns autores do campo da estratégia têm buscado incorporar em suas análises aspectos relacionados à questão social. Um conceito que tem ganhado a atenção de autores é o de identidade social.

Esses estudos, no entanto, ainda são incipientes. Além disso, não foi possível encontrar trabalhos que relacionam a identidade social ao mecanismo de governança. Dessa forma, este trabalho busca responder a seguinte questão: qual a influência da identificação social sobre o mecanismo de governança? Seu objetivo geral é analisar a influência da identidade social sobre a escolha da forma organizacional.

Apesar dos pressupostos comportamentais abordados pela Ect (WILLIAMSON, 1996), o aspecto social é tratado com pouca frequência nessa abordagem. Um conceito que tem ganhado destaque é o de identidade social. Esse conceito surgiu no campo da psicologia social, com Tajfel (1972). A identidade social se refere ao conhecimento de pertencimento a um determinado grupo por parte do indivíduo. Esse pertencimento possui valor emocional para o mesmo.

É uma pesquisa quantitativa, bibliográfica e de campo, com lógica dedutiva. A identificação social foi mensurada por meio de uma escala multidimensional baseada em estudos anteriores. Para a coleta de dados, foram aplicados questionários semiestruturados junto a produtores de um assentamento no interior de São Paulo. Foram aplicados 125 questionários, sendo 109 válidos (95% de confiabilidade e 8% de erro). Para a análise dos resultados, foi realizada a técnica de regressão logística.

Tipo do produto vendido, aceitação dos demais dada a venda para a cooperativa, facilidade para vender para outro sem ter prejuízo, produto sempre terá comprador influenciam no uso da forma cooperativa. Além disso, verificou-se uma relação positiva e significativa entre a identificação social e o mecanismo de governança cooperativa, levando, portanto, à aceitação de H1.

Foi possível observar uma relação positiva e significativa entre a identidade social e o mecanismo de governança cooperativo. Este trabalho traz como contribuição teórica um estudo empírico que mostra a importância dos fatores sociais para decisões que acontecem no nível da firma, especificamente em relação à identificação social do agente e mecanismo de governança. Como limitação, destaca-se o fato de amostra não estar balanceada.

GRANOVETTER, M. Economic action and social structure: the problem of embeddedness. American Journal of Sociology, v. 91, n. 3, p. 481-510, 1985. WILLIAMSON, O. E. The mechanisms of governance. Nova York: Oxford University Press, 1996. TAJFEL, H. La catégorisation sociale. In : MOSCOVICI, S. Introduction à la pscychologie sociale. Paris: Librairie Larousse, 1972.