Resumo

Os projetos da Economia Criativa, especificamente os das áreas tradicionais da cultura, como por exemplo, música e teatro, ao longo de muitos anos, possuíram apenas os editais públicos e empresas privadas como fonte de financiamento. No cenário atual, com os avanços das Tecnologias da Informação e Comunicação, as alternativas para o financiamento de projetos da área da Economia Criativa foram ampliadas por meio das plataformas de financiamento coletivo, conhecidas mundialmente pelo termo crowdfunding.

A importância do crowdfunding para o financiamento de projetos criativos no Brasil é reconhecida pelo Ministério da Cultura (2011), como uma alternativa de inclusão, inovação e sustentabilidade para iniciativas dos setores criativos. Logo, considerando que o crowdfunding, através dos avanços das TICs está mudando o setor criativo brasileiro, surge o questionamento sobre como é o processo de crowdfunding para os projetos da Economia Criativa no Brasil. Com isso, esta pesquisa objetiva entender a dinâmica do processo de crowdfunding para projetos da área da Economia criativa no Brasil.

Para Reis (2008), o termo Economia Criativa surgiu a partir do conceito indústria criativa. Nesse mesmo sentido, Miguez (2009) afirma que a área consiste em uma ampliação da economia da cultura. A respeito dos projetos culturais, Sovik (2014) afirma que atualmente o financiamento é proveniente de grandes empresas e do poder público. Segundo Saraiva e Frias (2009), essas fontes de financiamento não fomentam a diversidade cultural. Para Bier e Cavalheiro (2015), no contexto brasileiro, o Crowdfunding é uma alternativa para democratizar o acesso ao capital financiador dos projetos culturais.

Para alcançar o objetivo do presente estudo, foi realizada pesquisa qualitativa, de acordo com as orientações de Minayo (2009). Logo, foi feita pesquisa documental, onde foram analisados documentos coletados nas páginas oficiais das plataformas crowdfunding, relatórios elaborados pelo Ministério da Cultura e entrevistas semiabertas realizadas com responsáveis das plataformas voltadas para o financiamento de projetos da Economia Criativa, criadas no ano de 2011 e que permaneciam ativas durante a pesquisa. Após a coleta dos dados foi feito análise de conteúdo, conforme aborda Roesch (1999).

Ao analisar a dinâmica do crowdfunding das plataformas brasileiras voltadas para projetos criativos, foi constatado que assim como França (2012) apresenta a respeito do crowdfunding no contexto internacional, no Brasil as plataformas também surgiram a partir do desenvolvimento das TICs e a ampliação da cultura de interatividade e colaboração. Ao analisar os tipos de projetos presentes nas plataformas, foi possível perceber a presença de grande diversidade de categorias de projetos, assim como apresentam Bier e Cavalheiro (2015).

O crowdfunding no Brasil rompeu com a dependência que os projetos criativos possuíam pelo financiamento advindo do poder público e da iniciativa privada. Além disso, as plataformas estudadas demonstraram uma preocupação em manter como característica o processo de financiamento rápido e com pouca burocracia. Por fim, cabe considerar que a dinâmica do financiamento de projetos criativos por meio do modelo crowdfunding provoca uma mobilização coletiva da sociedade em prol de um objetivo, onde as redes sociais representam grande importância para o alcance do financiamento.

BIER, C. A.; CAVALHEIRO, R. A. Lei Rouanet x Crowdfunding: fomentando os Empreendimentos Culturais Revista Pensamento Contemporâneo em Administração, v. 9, n. 2, p. 30-47, 2015. MOLLICK, E. The dynamics of crowdfunding: An exploratory study. J Bus Venturing, 2014; 29(1):1-16. SARAIVA, L. A. S. e FRIAS, A. P. R. Por que as empresas investem em projetos culturais? Evidências de uma cidade mineira. Revista Economia & Gestão v. 19 n. 19, jan/abril 2009. ISSN 1984-6606 SOVIK, L. Os projetos culturais e seu significado social. São Paulo: Galaxia, n. 27, p. 172-182, jun. 2014.