Resumo

Apesar do enfoque de diversas perspectivas sobre as redes, a governança dessas estruturas não tem recebido a devida atenção, pois entender seu funcionamento é parte crucial para a compreensão dos resultados produzidos por elas (PROVAN, KENIS, 2007). Na visão de Provan, Fish e Sydow (2007) ainda se fazem necessários estudos que discutam as configurações da governança das redes. A contribuição deste estudo consiste em apresentar uma visão geral sobre os mecanismos de governança em redes em conjunto com as abordagens teóricas que os suportam.

A ausência de uma visão ampla sobre este conceito justificou a realização dessa investigação, à medida que a existência de um entendimento amplo do atual desenvolvimento do constructo tende a facilitar a operacionalização de pesquisas futuras. O estudo objetiva analisar os mecanismos de governança em redes interorganizacionais em relação as abordagens teóricas adotadas, tomando como referência a produção científica entre 1990 e 2014.

O presente estudo adota redes como sendo duas ou mais organizações trabalhando em parceria visando aprimorar os resultados ao alcançarem objetivos comuns e individuais (AAKER, 1995). Restringe-se o foco à governança para a esfera privada e não desenvolverá a ótica da governança corporativa. Este estudo é norteado pela visão de Albers (2010), onde os sistemas de governanças são conjuntos de instrumentos, ou mecanismos, usados para coordenar, monitorar e incentivar o comportamento das organizações participantes de uma rede.

Este estudo se caracteriza como de abordagem qualitativa, exploratória e descritiva (Vergara, 2005). Quanto aos meios, será bibliográfico utilizando de dados secundários através do estudo sistemático em publicações acadêmicas. Para a seleção da amostra de artigos foi utilizada as ferramentas de busca da base de dados Web of Science. Fez-se a construção dos termos de busca a partir da seleção de termos chaves na literatura que correspondessem a base “network+governance+mechanism”. A análise dos dados foi feita em três etapas: descritiva, exploratória e conceitual.

Observou-se que 50% dos artigos foram publicados após 2010. Identificou-se a predominância da abordagem da ECT ao longo de todo o período estudado, a qual, a partir de 2007, passou a ser adotada de forma conjugada com a abordagem de Redes Sociais. Os mecanismos formais/explícitos podem ser divididos em controle dos resultados e controle do comportamento e são baseados em monitoramento, regras e acordos. Já os mecanismos informais/implícitos/relacionais são essencialmente baseados sobre a confiança (mecanismo de governança dominante nas transações em rede) e as normas sociais.

Não se verificou tendências no pensamento de governança em rede. Os estudos são homogêneos em sua conceituação, seguindo, principalmente o framework da ECT. É possível perceber uma tendência de aliar mecanismos sociais a fim de complementar a limitação dos mecanismos formais. A confiança esteve sempre presente nos estudos e mesmo considerada como um mecanismo de governança relacional, acaba permeando até os trabalhos com viés econômico, como a ECT. Este fato confirma a tendência da visão de complementariedade entre os mecanismos contratuais (propostos pela ECT) e os relacionais.

AAKER, D. A. Strategic market managmet. New York: Jonh Wiley & Sons, 1995. ALBERS, S. Configurations of alliance governance Systems. Schmalenbach Business Review, n.62, p.204-233, 2010. PROVAN, G. FISH, A, SYDOW, J. Interorganizational Networks at the Network Level: A Review of the Empirical Literature on Whole Networks. Journal of Management, v.33, 2007. PROVAN, K. G.; KENIS, P. Modes of network governance: Structure, management, and effectiveness. J. public Adm. Res. theory, v.18, n.2, p.229–252, 2007. VERGARA, S. C. Projetos e Relatórios Pesquisa em Administração. São Paulo: Atlas, 2005.