Resumo

Título do Artigo

A CRISE ECONÔMICA DE 2015 NAS NARRATIVAS CONTÁBEIS DAS EMPRESAS BRASILEIRAS: UMA INVESTIGAÇÃO DO GERENCIAMENTO DE IMPRESSÕES NOS RELATÓRIOS DA ADMINISTRAÇÃO
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Palavras Chave

Gerenciamento de Impressão
Relatório da Administração
Crise Econômica

Área

Estratégia em Organizações

Tema

Estratégia Corporativa e de Stakeholders

Autores

Nome
1 - Danielle Penido Teixeira
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS (UFMG) - Faculdade de Ciências Econômicas
2 - Marlon Mendes Silva
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS (UFMG) - FACE
3 - Samuel de Oliveira Durso
Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo - FEA - Ciências Contábeis
4 - jacqueline veneroso alves da cunha
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS (UFMG) - Faculdade de Ciências Econômicas

Reumo

A Contabilidade atua como um instrumento de comunicação entre codificadores e usuários dos números contábeis. Nesse contexto, o Relatório da Administração (RA) representa um demonstrativo importante e, muitas vezes, necessário à tomada de decisões, na medida em que fornece, de forma tanto qualitativas quanto quantitativas informações que ajudam a interpretar o desempenho obtido pelas instituições. Contudo, diversas pesquisas indicam que o RA tem sido utilizado como estratégia para manipulação de impressões dos stakeholders pelas empresas, principalmente em contextos de resseção econômica.
Nesse contexto, tendo em vista a possibilidade de gerenciamento de impressões a partir do RA, propõe-se a seguinte questão de pesquisa: Qual o impacto da crise econômica de 2015 nas narrativas contábeis das empresas brasileiras? O objetivo do presente estudo é, portanto, identificar se a recessão econômica vivenciada em 2015 foi utilizada nos RAs das companhias brasileiras, como justificativa para um menor desempenho neste ano.
O Gerenciamento de Impressão (GI) foi utilizado em trabalhos que buscavam entender a importância da auto apresentação na definição do lugar dos indivíduos na sociedade. O conceito se firmou psicologia social, referindo-se ao processo pelo qual os indivíduos tentam controlar as suas ações e informações com o objetivo de moldar as impressões que os outros indivíduos formam a seu respeito, criando assim uma imagem socialmente desejada. No campo empresarial, o GI abrange a manipulação estratégica das ações e informações divulgadas pelas entidades de forma a controlar a percepção dos stakeholders.
A pesquisa foi descritiva, com abordagem quantitativa por meio de pesquisa documental. A técnica utilizada foi a análise de conteúdo. A amostra do estudo foi formada pelas empresas que compõe o IBRX 50. Para interpretar os resultados da pesquisa, as narrativas foram segregadas em quatro tipos: fatores internos (relacionados a eventos controlados pela entidade), fatores externos (relacionados a situações não controladas, como crise financeira), ambos (quando tanto fatores externos quanto internos são utilizados como justificativa para o desempenho) e omissão (ausência de uma atribuição).
Os resultados indicam que a atribuição “fatores internos” esteve presente no discurso de 19 entidades em 2014 e em 16 entidades em 2015. Os “fatores externos” foram atribuídos como causas exclusivas dos desempenhos apenas no exercício social de 2015 e em 8 dos casos analisados. Pôde-se observar, ainda, que das empresas que obtiveram um resultado maior em 2015 quando comparado a 2014, 82,3% atribuíram esse desempenho a fatores internos, enquanto que das empresas que obtiveram um resultado inferior em 2015 quando comparado a 2014, 40% atribuíram esse desempenho a fatores externos.
A partir de uma análise documental realizada nos Relatórios de Administração das companhias registradas no IBRX 50, pôde-se verificar indícios da utilização do gerenciamento de impressões no mercado de capitais brasileiro em função da recessão econômica vivenciada em 2015. Isso ficou evidente na medida em que, em sua maioria, as narrativas analisadas no Relatório da Administração das empresas da amostra atribuíram o lucro líquido positivo aos fatores internos à entidade enquanto que os desempenhos negativos foram atribuídos aos fatores externos e, portanto, não controlados pela empresa.
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