Resumo

Há visões diferentes sobre a teoria institucional. Alguns autores enxergam o institucionalismo como um conjunto de estruturas que ditam as ações das organizações, tornando-as refém dessas estruturas, chegando até à incapacidade de definir as próprias estratégias de forma independente. Outros estudos apontam que há alguma independência das organizações, em relação às instituições, nas suas tomadas de decisão. Há, também, uma visão crítica da própria consistência da teoria (Peci, 2005).

Como os pesquisadores brasileiros da área de administração tratam o tema do isomorfismo? O objetivo geral do artigo foi analisar a contribuição acadêmica sobre isomorfismo a partir dos artigos do EnANPAD, no período de 2005 a 20014.

Alguns autores defendem que a presença do isomorfismo nas organizações não retira sua capacidade de fazer as próprias escolhas estratégicas. Scott (2014, p. 93), em nova edição de sua obra “Institutions e Organizations”, revendo sua própria visão sobre o tema, observa que institucionalizas enfatizaram formas em que os mecanismos institucionais restringiam as atividades e estruturas organizacionais. Entretanto, mais recentemente, a partir de estudos subsequentes, ele concluiu que ambos, indivíduos e organizações inovam, agem estrategicamente, e contribuem para mudanças institucionais.

Trata-se de pesquisa de natureza descritiva, realizada a partir da coleta e análise de dados secundários. Foram analisados todos os 8775 artigos com o tema isomorfismo, publicados no EnANPAD, entre 2005 e 2014 . Identificou-se 403 artigos que continham o termo isomorfismo. O passo seguinte foi identificar artigos que tinham de fato o isomorfismo como foco. Foram encontrados 28 artigos que serviram de objeto de análise no presente estudo.

O isomorfismo é estudado nas diferentes divisões acadêmicas, com ênfase maior em Estudos Organizacionais e em Estratégia nas Organizações. A predominância nessas divisões pode caracterizar uma maior abordagem do isomorfismo na organização de uma maneira mais geral, e não em questões mais específicas, como, por exemplo, inovação, gestão de pessoas e outras. A leitura dos 20 artigos nos quais o isomorfismo foi constatado proporcionou a identificação de oito fatores que levam as empresas ao isomorfismo.

Os artigos indicam oito fatores que desencadeiam isomorfismo nas organizações: mimético: legitimidade, incerteza e instabilidade, insegurança; normativo: imposição do poder público, estrutura de comando e controle, pressões de atores externos; e normativo: regulamentação das profissões e participação em feiras, palestras e consultorias. Os artigos pesquisados não permitem uma avaliação, de forma empírica evidente, das consequências do isomorfismo na estratégia das empresas, ou seja, quais são as respostas estratégicas que as empresas dão quando são submetidas a pressões do ambiente?

DiMaggio, P. J.; Powell, W. W. (1983). The iron cage revisited: institutional isomorphism and collective rationality in organizational fields. American Sociological Review, 48, 147-160. Machado Da Silva, C. L.; Fonseca, V. S. (1993) Estruturação da estrutura organizacional: o caso de uma empresa familiar. Organizações & Sociedade, 1(1), 42-71. Meyer, J. W.; Rowan, B. (1977) Istitutionalized organizations: Formal structure as myth and ceremony. American Journal of Sociology, 83, 340-363. Scott, W. R (2014). Institutions and organizations: ideas and interests. (4. ed.). Thousand Oaks: Sage