Resumo

A New Public Management (NPM) pode ser percebida como um novo paradigma aplicado à gestão pública que, ao incorporar a ideia de eficiência na adoção de decisões políticas voltadas à prestação de contas, influencia o conceito de accountability. No âmbito da gestão das universidades públicas, a adoção de mecanismos de controle gerencial configura-se como instrumentos eficientes que asseguram que tais organizações não desviem de sua finalidade.

Reconhecendo o papel dos mecanismos de controle interno para consecução dos objetivos da organização, espera-se que ao adotá-los, uma instituição poderá apresentar um melhor desempenho. Nesse sentido, a questão que emerge é: Qual a relação entre controle interno e os indicadores de desempenho das Universidades Federais brasileiras? Para tanto, o estudo tem por objetivo analisar a relação entre a percepção da qualidade do controle interno e os indicadores de desempenho das Universidades Federais Brasileiras (UFB).

Entende-se que o controle interno tem função de assessorar e monitorar a performance da gestão para verificar o desempenho e desenvolvimento das atividades institucionais. Sendo este, um mecanismo essencial para garantir a gestão eficiente dos recursos alinhando as metas e os objetivos da instituição com a responsabilidade pública (BABATUNDE; DANDAGO, 2014). Visto que, erros ou falhas no controle interno interferem na fidedignidade dos relatórios de gestão e demonstrações financeiras, ocasionando distorções relevantes (RICE; WEBER, 2012; GARRETT; HOITASH; PRAWITT, 2014).

O estudo é descritivo, documental e com enfoque quantitativo.A população do estudo correspondeu a 38 IES. As variáveis de Controle Interno e de Desempenho foram coletadas diretamente no relatório de gestão das IES no ano de 2014, disponível no Portal do TCU. Adotou-se a Entropia da Informação para analisar a percepção dos gestores em relação à qualidade do controle interno. Por meio da análise de correspondências múltiplas (ANACOR), no software LHStat®, observou-se a relação entre percepção do controle interno e os indicadores de gestão.

A entropia da informação foi maior para as questões 4, 5, 9 (Ambiente de Controle), 12, 13, 14, 15 e 18 (Avaliação de Risco), 19, 20 e 22 (Procedimentos de Controle), 25, 26, 27, 28 e 29 (respectivamente para Informação e Comunicação e Monitoramento). Verificou-se que há proximidade entre o grau de percepção neutro do controle interno e a classificação Ruim e Muito Ruim. Já a percepção parcialmente viável dos critérios relacionados ao controle interno apresentou alinhamento com os indicadores que variaram entre Bom, Muito Bom e Excelente.

O resultado sugere que à medida que as políticas e ações de controle interno são institucionalizadas nas IES, o conhecimento e adoção dessas práticas parecem auxiliar a gestão dos recursos de modo que otimizem o desempenho e melhorando os indicadores relacionados a maior participação e envolvimento de alunos, professores e servidores técnicos, aspectos esses que podem promover melhor avaliação de instituições externas como a CAPES que atribui conceito aos Programas de Pós Graduação.

BABATUNDE, Shakirat Adepeju; DANDAGO, Kabiru Isa. Internal control system deficiency and capital project mis-management in the Nigerian public sector. Procedia-Social and Behavioral Sciences, v. 164, p. 208-221, 2014. GARRETT, Jace; HOITASH, Rani; PRAWITT, Douglas F. Trust and financial reporting quality. Journal of Accounting Research, v. 52, n. 5, p. 1087-1125, 2014. RICE, Sarah C.; WEBER, David P. How effective is internal control reporting under SOX 404? Determinants of the (non‐) disclosure of existing material weaknesses. Journal of Accounting Research, v. 50, n. 3, p. 811-843, 2012.