No início do terceiro milênio a nova realidade social, que contempla aumento da expectativa de vida e de trabalho formam um cenário onde a compreensão da complexidade da natureza humana e a relação com o trabalho seja requisito básico para a gestão (LIMONGI-FRANÇA, 2004). Assim surge a crescente preocupação da administração com as dimensões do bem-estar e da espiritualidade do trabalhador, dentro de uma psicologia positiva (SELIGMAN e CZIKSZENTMIHALYI, 2000).
Frente a este cenário torna necessário a investigação empírica destes pressupostos para conhecer o capital humano das organizações. Assim o presente estudo tem como objetivo analisar a espiritualidade no trabalho em estudantes que exerçam alguma função remunerada, sob a luz das dimensões de senso de comunidade e trabalho como propósito de vida.
Ao encontro do bem-estar no trabalho e da psicologia positiva surgem teorias, que embora incipientes, apresentam estudos empíricos emergentes sobre a espiritualidade no trabalho, sendo o conceito mais recorrente a busca individual dos seres humanos por uma ligação entre si e de um trabalho com significado (ASHMOS e DUCHON, 2000; SIQUEIRA, 2014).
Quanto ao percurso metodológico, foi realizado um survey, aplicado a uma amostra de 129 estudantes que desenvolvem atividades remuneradas em organizações públicas e privadas de diferentes segmentos da região Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul. A pesquisa foi desenvolvida a partir de abordagem descritiva, sendo utilizado como instrumento de pesquisa o Inventário de Espiritualidade no Trabalho (IET) elaborado por Siqueira (2014).
Os dados foram submetidos as análises de Alfa de Cronbach do instrumento e seus constructos, análises descritivas simples (frequências, médias e desvios-padrão) e a verificação de correlações entre as médias dos constructos (Coeficiente de Pearson). Os resultados obtidos revelaram que as dimensões senso de comunidade (SC) e trabalho como propósito de vida (TPV) denotando ambas alto índice de confiabilidade e contribuição ao (IET).
Os dados obtidos com o estudo possibilitaram identificar que os inquiridos possuem uma espiritualidade no trabalho mediana, o que demonstra, segundo Siqueira (2014), que na dimensão de trabalho como propósito de vida existem convicções de que as tarefas realizadas contêm sentido para a vida e dão significado, enquanto na dimensão de senso de comunidade existem convicções que as relações sociais dentro da organização constituem experiências assentadas em percepção de pertencimento.
ASHMOS, D.P. e DUCHON, D. Spirituality at work: a conceptualization and measure, Journal of Management Inquiry, Vol.9, nº2, 2000.
LIMONGI-FRANÇA, A.C. Qualidade de vida no trabalho: conceitos e práticas nas empresas da sociedade pós-industrial. 2ª ed. SP: Atlas, 2004.
SELIGMAN, M.E.P. e Csikszentmihalyi, M. Positive psychology: an introduction. American Psychologist, 2000.
SIQUEIRA, M.M.M. Novas medidas do comportamento organizacional: ferramentas de diagnóstico e gestão. PA: Artmed, 2014.