Resumo

Com o aumento da internacionalização de empresas, vários estudos analisaram a relação entre o grau de internacionalização e desempenho, com resultados inconclusivos. Poucos analisaram a relação deste com a velocidade da internacionalização. Internacionalmente destaca-se o trabalho de Hilmersson e Johanson (2015). No Brasil, não foram encontrados trabalhos que consideram os efeitos da velocidade no desempenho das empresas internacionalizadas. Esta lacuna motivou a elaboração deste trabalho.

Tendo em vista os diferentes efeitos do grau de internacionalização no desempenho das empresas e que tais diferenças podem ser exploradas a partir da velocidade com que o processo de internacionalização pode ocorrer, este trabalho buscou examinar a relação entre velocidade de internacionalização e o desempenho das empresas abertas internacionalizadas brasileiras.

Diversos são os estudos que relacionam o grau de internacionalização com o desempenho das empresas. Grant (1987) encontrou uma relação linear positiva, Daniels e Bracker (1989) identificaram uma relação em forma de U invertido, Lu e Beamish (2001) em forma de U. Contractor, Kundu e Hsu (2003) propuseram uma relação em forma de S horizontal. Hilmersson e Johanson (2015) evidenciaram que a velocidade de internacionalização pode explicar os diferentes resultados encontrados na literatura.

Realizou-se regressões em painel a partir das variáveis de controle do modelo de Hilmerson e Johanson (2015), adaptando-o para este estudo que utilizou-se de multinacionais brasileiras de capital aberto entre 2007 a 2014. Utilizou-se como variáveis dependentes de desempenho, o retorno sobre os ativos totais, também utilizada por Hilmersson e Johanson (2015) e a margem líquida, utilizada em estudos brasileiros que relacionam desempenho e internacionalização, como Barcellos (2010) e Andrade e Galina (2013). Foram testadas duas variáveis de velocidade de internacionalização.

Os resultados não confirmaram as hipóteses de Hilmersson e Johanson (2015), que sugerem que a relação entre a velocidade das exportações e o desempenho possui uma relação na forma de U invertido e que a relação entre a velocidade de atividades que envolvem ativos no mercado exterior e o desempenho possui uma relação na forma de U. Ou seja, os resultados apontam que não há uma relação estatisticamente significativa entre a velocidade de internacionalização e desempenho das empresas brasileiras.

Diferentemente de Hilmersson e Johanson (2015) o grau de internacionalização alcançado pelas companhias brasileiras parece ser mais influente em seu desempenho do que a velocidade com que as mesmas conseguem se internacionalizar. Sendo assim, sugere-se que as empresas brasileiras se preocupem mais com o nível de internacionalização que desejam atingir e menos com a velocidade desta internacionalização.

ANDRADE, A. M. F.; GALINA, S. V. R. Efeitos da internacionalização sobre o desempenho de multinacionais de economias em desenvolvimento. Revista de Administração Contemporânea, v. 17, n. 2, p. 239-262, 2013 BARCELLOS, E. P. Internacionalização de empresas brasileiras: um estudo sobre a relação entre grau de internacionalização e desempenho financeiro. 2010. Tese de Doutorado. Universidade de São Paulo. HILMERSSON, M.; JOHANSON, M. Speed of SME Internationalization and Performance. Management International Review, v. 56, p. 67-94, 2015.