Resumo

Título do Artigo

FINANCIAMENTOS DE PROJETOS CULTURAIS POR INSTITUIÇÕES BANCÁRIAS: UMA CONVENIÊNCIA DE CULTURA
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Palavras Chave

Financiamentos
Instituições Bancárias
Projetos culturais

Área

Estudos Organizacionais

Tema

Simbolismos, Culturas e Identidades

Autores

Nome
1 - Joiciane Rodrigues de Sousa
UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO (UFPE) - Centro de Ciências Sociais Aplicadas (CCSA) - Recife
2 - Fernando Gomes de Paiva Júnior
UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO (UFPE) - Departamento de Ciências Administrativas
3 - Felipe Moura Oliveira
UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ (UFC) - Feaac

Reumo

Os projetos culturais no Brasil recebem fomento financeiro de organizações não governamentais, que querem mostrar sua responsabilidade social e promover imagem, sejam instituições financeiras ou empresas em geral, também as grandes estatais (LORÊTO; PACHECO, 2007; MELO et al., 2014; SOVIK, 2014). Logo, existe conveniência de cultura entre as partes, em que para Yúdice (2006) isso aconteceu quando a cultura deixou de se referir apenas a um modo de vida e tornou-se um produto do sistema. Os artefatos culturais música, teatro, dança e filmes passaram a fazer parte da indústria de entretenimento.
O problema central deste estudo reside em: "como o financiamento por instituições bancárias em projetos culturais pode ser visto em termos de conveniência de cultura?". A escolha dessas entidades se deve ao fato de elas possuírem valor de destinação aos projetos de responsabilidade social, com destaque para o segmento de cultura (MELO et al., 2014). Dessa maneira, o objetivo do estudo consiste em descrever como o financiamento por instituições bancárias em projetos culturais pode ser visto em termos de conveniência de cultura.
Para os projetos culturais manterem-se ativos necessitam de doações ou financiamentos. Assim, as pessoas envolvidas devem saber identificar as oportunidades, no qual ter o perfil de liderança é primordial, contribuindo para o êxito dos projetos (MELO et al., 2014; SOVIK, 2014). Com a diminuição dos investimentos diretos em ações sociais pelo Estado, em que passou a atuar na regulação das relações, as instituições bancárias identificaram uma oportunidade de expandir o seu mercado no setor cultural a partir das leis de incentivo à cultura, por meio da isenção de impostos (LORÊTO; PACHECO, 2007).
O caminho metodológico se caracterizou como uma abordagem qualitativa - descritiva. O corpus foi organizado através de uma pesquisa documental, restrita aos editais de financiamentos de projetos culturais por instituições bancárias, sendo da Caixa Econômica Federal, BNDES, Banco do Brasil, Banco do Nordeste e Itaú Unibanco. Fez-se uma análise de conteúdo temática dos dados, concretizada por meio de quatro fases: pré-análise, codificação, categorização e inferência. Os parâmetros de validade e confiabilidade adotados ocorreram em virtude de descrição, que não deixa especificações subentendidas.
Os editais contemplam artefatos definidos pelo Ministério da Cultura como audiovisual, música, cinema, literatura e patrimônio histórico. Os critérios de seleção se repetem nos editais das cinco instituições, mas possuem especificidades que se diferenciam de um para outro. Há aspectos semelhantes às organizações culturais com ou sem fins lucrativos, em que mesmo os proponentes se beneficiando com os incentivos, as financiadoras buscam obter garantia de retornos. A partir dos critérios definidos para a captação de recursos, os agentes podem muitas vezes fugir da sua essência artística-cultural.
As discussões mostram o quão os financiamentos de cultura tornaram frequentes, principalmente com as Leis de Incentivo à Cultura. Pôde observar que a lógica de mercado se sobressai, em que as expressões culturais tornaram um recurso comercializado. Desse modo, é importante analisar como ocorre a relação entre produtores e financiadores. Constata-se a relevância da atuação das instituições bancárias em suas práticas de responsabilidade social. Entretanto, questionam-se as estratégias que existe por trás, demonstrando interesses próprios das mesmas, o que caracteriza uma conveniência de cultura.
LORÊTO, M. S. da S.; PACHECO, F. L. A inserção da lógica de mercado no campo cultural: a relação entre as instituições bancárias e a cultura em Recife. Cadernos EBAPE.BR, v. 5, n. 4, p. 1-14, 2007. MELO, P. T. N. B. de et al. O Poder da Intermediação na Rede de Financiamento dos Captadores de Recursos Para Projetos Culturais. Revista Gestão.Org, v. 12, n. 1, p. 1-15, 2014. SOVIK, L. Os projetos culturais e seu significado social. Galáxia (SP), v. 14, n. 27, p. 172-182, 2014. YÚDICE, G. A conveniência da cultura: usos da cultura na era global. 1. ed. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2006.