Resumo

A periférica família Kim passa a trabalhar na suntuosa casa dos Park, em Seul, Coréia do Sul. Em um contraste de elementos materiais e subjetivos, são desenvolvidas disputas, artimanhas e falcatruas da família Kim, que desvelam o dilema que norteia o caso: como a sobrevivência é possível sob a égide da governamentalidade neoliberal? A partir desta questão, construir-se-á uma argumentação voltada para três situações apresentadas no filme - a simbologia dos jogos de diferenciação, a chuva e a concorrência por sobrevivência – com base em Foucault, acerca da governamentalidade neoliberal.

A proposta tem os seguintes objetivos educacionais: a) fazer uso da rica simbologia presente no filme Parasita para refletir sobre o conceito de governamentalidade neoliberal; b) questionar a construção de seres parasitários/subalternos e da desigualdade como mecanismo de governo dentro do espectro da governamentalidade neoliberal e c) criar inquietações sobre como a vida da família Kim é semelhante à de tantos indivíduos brasileiros.

"Parasita", dirigido por Bong Joon-ho, é um drama sul-coreano de 2019, dirigido por Bong Joon-ho e co-escrito por Bong e Han Jin-won. O filme, com duração de 132 min, foi produzido pela Barunson E&A e lançado na Coreia do Sul em maio de 2019. Os personagens principais, a família Kim, são interpretados pelos atores Song Kang-ho, Jang Hye-jin, Choi Woo-shik e Park So-dam. Para a preparação deste caso de estudo, "Parasita" foi assistido em junho de 2023, a partir de uma plataforma de streaming digital. A coleta de dados foi realizada através de análise da narrativa e cenas do filme.

Este caso de ensino é indicado para ser aplicado junto a estudantes dos cursos de pós-graduação em Administração, Sociologia, Economia e Ciências Políticas, notadamente em disciplinas que busquem refletir os efeitos nefastos da governamentalidade neoliberal na criação de identidades subalternas, no acentuamento da desigualdade social nos grandes centros urbanos e na concorrência por sobrevivência.

FOUCAULT, M. Segurança, território e população. Martins Fontes. 2008a. FOUCAULT, M. Nascimento da biopolítica. Martins Fontes. 2008b. KLEINE, B.; DOS SANTOS, L. Interfaces reflexivas entre o filme Parasita e o regime de acumulação integral. Revista Espaço Livre, v. 16, n. 32, p. 32-41, 2021. MACÊDO JÚNIOR, A. et al. Elementos da desigualdade social no filme Parasita: uma análise da sociedade brasileira sob a ótica do cinema. Educationis, v. 10, n. 1, p. 67-78, 2022. TÓTORA, S. Foucault: biopolítica e governamentalidade neoliberal. Revista de Estudos Universitários-REU, v. 37, n. 2, 2011.