Resumo

A evolução mundial acarretou em mudanças na visão tanto de empresas, quanto de clientes, modificando muito o modo de agir e pensar. Na década de 90, a presença da sustentabilidade e da preocupação ambiental começou a pairar sobre as empresas, chegando hoje a ser pensado por empresas que mesmo de forma indireta podem contribuir para um mundo mais verde: os bancos. O setor bancário, sendo um intermediário entre quem possui e quem necessita de recursos financeiros, pode contribuir para ditar o ritmo e o direcionamento para o desenvolvimento sustentável.

Com relação à existência de estudos na área de sustentabilidade aplicada a bancos, as pesquisas se mostraram bem escassas, especialmente considerando-se somente o escopo brasileiro. E não foi identificado um estudo que mostra como está sendo a evolução dessa transição sustentável no setor. Este estudo teve como objetivo analisar a evolução da gama de serviços e produtos sustentáveis oferecidos pelos principais bancos comerciais brasileiros, suas semelhanças e diferenças em função do tipo de controle, a influência governamental nesses produtos e o grau de atendimento à legislação.

Um banco sustentável pode ser definido como aquele que oferece produtos, serviços e práticas que contribuem para o desenvolvimento sustentável, beneficiando as dimensões ambiental, social e econômica no curto, médio e longo prazo (Silva Inácio & Delai, 2021). Para Lins & Wajnberg (2007), uma instituição financeira com características sustentáveis envolve o desenvolvimento e a oferta de produtos ou serviços também sustentáveis, como microcrédito, financiamento socioambiental, avaliação de riscos socioambientais em financiamentos, crédito responsável, fundo socioambiental ou mercado de carbono.

A partir de uma abordagem qualitativa descritiva, foram analisados 23 bancos, recolhendo produtos e serviços socioambientais que se enquadravam nas especificações do método utilizado, avaliando as taxas evolutivas e números absolutos dessas instituições. O destaque maior fica para o microcrédito e o financiamento socioambiental. Também foi notada uma evolução em 18 bancos, sendo que dos outros 5, apenas dois apresentaram queda, sendo esta pequena em números absolutos. Além disso, muitas das finanças encontradas vinham de repasses governamentais e a maioria dos bancos aderiram ao PNMPO.

A pesquisa revelou que durante o período analisado houve evolução nos âmbitos quantitativo e qualitativo, pois em todos os produtos ocorreu algum aumento quantitativo, seja maior ou menor, e também foi encontrado um novo produto socioambiental. Notou-se também a importância dos repasses governamentais para o microcrédito e o financiamento e que os bancos seguem toda a legislação obrigatória, além de absorverem em seu escopo muito de uma legislação não obrigatória, voltada a incentivos. Assim, o setor bancário tem buscado cada vez mais contribuir para o desenvolvimento sustentável.

Lins, C. & Wajnberg, D. Sustentabilidade corporativa no setor financeiro brasileiro. CEP, v.22610, p.180, 2007. Silva Inácio, L. & Delai, I. Sustainable banking: a systematic review of concepts and measurements. Environ Dev Sustain (2021). https://doi.org/10.1007/s10668-021-01371-7.