Resumo

Título do Artigo

EMPREENDEDORES INSTITUCIONAIS DA VACINAÇÃO NO BRASIL
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Palavras Chave

Vacinação
Lógicas institucionais
Empreendedores institucionais

Área

Administração Pública

Tema

Gestão em Saúde

Autores

Nome
1 - Flávia Avila Teixeira
Fundação João Pinheiro - FJP/MG - Pampulha
2 - Marcus Vinicius Gonçalves da Cruz
Fundação João Pinheiro - FJP/MG - Mestrado em Administração Pública

Reumo

Os indicadores de cobertura vacinal nos últimos anos indicam o agravo de problemas na proteção da saúde pública para doenças imunopreveníveis.O artigo busca compreender as características que marcam a vacinação no Brasil a partir das lógicas institucionais, sobretudo quanto aos atores (empreendedores institucionais) envolvidos e à pluralidade de sentidos e práticas construídas ao longo dos anos em torno da imunização, suas dinâmicas de adesão e resistência, que podem provocar a variação na cobertura vacinal e retrocessos. Mobiliza-se principalmente a sistematização de Thorton e Ocasio (2008).
Como as lógicas e empreendedores institucionais atuantes na vacinação no Brasil influenciam o resultado da cobertura vacinal? A partir da compreensão das lógicas, do conceito de empreendedorismo institucional e de qual o papel de cada um dos empreendedores nesse contexto, possibilitar que sejam melhor direcionadas as ações dos gestores públicos envolvidos na definição das políticas de imunização e fortalecidos os atores e lógicas necessários para ampliação dos indicadores de cobertura vacinal.
A teoria das lógicas institucionais trabalha aspectos múltiplos inter e intra institucionais do comportamento individual, organizacional e social dos atores-chave envolvidos e atuantes em um contexto. Há enorme complexidade nas relações entre e intergrupos, influenciadas pelas práticas vigentes, e a perspectiva de analisar as lógicas institucionais abre espaço para sistematizar essa teia de interrelacionamentos. Os empreendedores institucionais são definidos como agentes que mobilizam recursos conforme seus interesses e contexto, criando ou modificando as instituições.
Pesquisa qualitativa descritiva, com múltiplos métodos de coleta de dados. Parte de uma pesquisa mais ampla, aprovada em Comitê de Ética em Pesquisa (n. 6.156.367), mobilizou-se revisão de literatura de conveniência, além do levantamento e análise documentais. Para a revisão de literatura, pesquisou-se bases de dados de periódicos on line, tanto em relação à vacinação quanto em relação à teoria das lógicas institucionais, como SPELL e Scielo. Para levantamento documental consultados documentos produzidos predominantemente em suportes digitais, dos mais variados gêneros.
Os achados da pesquisa indicam como principais empreendedores institucionais no campo da vacinação diversos indivíduos e organizações que foram categorizados inicialmente em 7 grupos de lógicas institucionais, cuja presença e predominância ao longo da história da vacinação brasileira parecem influenciar seus resultados: industrial; política; gerencial; técnico-operacional; acadêmico-científica e de sociedades de classe; informacional; e familiar. O PNI é considerado a principal lógica, mobilizadora de atores, processos e práticas institucionalmente relevantes, e transversal a todas as outras.
Os empreendedores institucionais se utilizam das contradições, fragmentação e diferença entre as instituições para manipular recursos materiais e principalmente culturais na mudança das lógicas de acordo com seus interesses, as vezes por meio de estratégias retóricas para reinterpretar e manipular dados e práticas. Esses empreendedores se interrelacionam e influenciam-se uns aos outros, podendo estar presentes em mais de uma lógica, atravessados pelo PNI, e seu mapeamento permite melhor compreensão do campo. Sugere-se mais pesquisas para aprofundar o teor e nível de influência de cada um deles
BATTILANA, J. Agency and institutions: the enabling role of individuals’ social position. Organization, v. 13, n. 5, 2006. DiMAGGIO, P.J.,POWELL, W. W. A gaiola de ferro revisitada: isomorfismo institucional e racionalidade coletiva nos campos organizacionais. RAE, v.45, 2005. DOMINGUES et al. 46 anos do Programa Nacional de Imunizações: uma história repleta de conquistas e desafios a serem superados. Cadernos de Saúde Pública, v. 36, 2020. THORNTON, P.H.; OCASIO, W.. Institutional logics In: GREENWOOD, R. et et al (eds.). The Sage handbook of organizational institucionalism. Sage, 2008.