Culturas
Culturas nas organizações
Cultura organizacional
Área
Estudos Organizacionais
Tema
Simbolismos, Culturas e Identidades
Autores
Nome
1 - Marcos Paulo de Oliveira Corrêa UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS (UFMG) - FACE / CEPEAD
2 - Kaio Lucas da Silva Rosa UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS (UFMG) - Faculdade de Ciências Econômicas (FACE)
Reumo
Ao ignorar questões críticas sobre como uma organização é, qual deve ser seu propósito autêntico, e se sua(s) cultura(s) realmente podem ser mapeadas e gerenciadas (GREY, 2017), o domínio de abordagens funcionais pode ter constituído uma barreira para que houvesse um avanço na produção a respeito da(s) cultura(s) nas organizações dotada da capacidade de descortinar fenômenos organizacionais multifacetados. Tornando opaca a complexidade que lhes é inerente.
Este trabalho evoca o entendimento de que as organizações vinculam-se a fenômenos culturais socialmente construídos, mantidos e evoluídos. Nessa perspectiva, a cultura é manifestada a partir das interações, não sendo algo imposto ou tratado de acordo com a conveniência (FREITAS, 2007). Retoma-se a abordagem das “três perspectivas”, proposta por Martin (1992), enaltecendo a compreensão dos fenômenos culturais nas organizações de forma mais plural e interpretativista. Metodologicamente, empregou-se a pesquisa bibliográfica.
Apesar de diversos estudos tomarem a cultura nas organizações como algo singular, previamente determinada pela alta administração e compartilhada de forma homogênea pelos seus membros, o cotidiano dos universos organizacionais apresenta uma realidade distinta: os indivíduos possuem seus próprios objetivos, fazem parte de subgrupos, criam e recriam significados, e ainda, compartilham e divergem suas opiniões. As múltiplas significações e sentidos fortalecem o entendimento da cultura como uma metáfora da organização, passível de ser analisada a partir de aspectos ideológicos e simbólicos.
Complexificando a noção de “cultura”, é relevante o emprego do plural, “culturas” propõe a existência de várias culturas ou subculturas de maneira simultânea em um mesmo panorama. Em outras palavras, a consideração do termo no plural incorpora as diferenças, as ambiguidades e as complexidades inerentes ao fenômeno multifacetado existente nas instituições. A existência de distintos aspectos que compõem as culturas atrela-se ao entendimento de que as suas diferentes significações implicam a existência de dissensos e ambiguidades, propícios a estudos interpretativos.
O descortinamento das manifestações culturais, em quaisquer contextos organizacionais, não pode ser considerado como uma descrição objetiva de fatos empíricos, pois diferentes pesquisadores, estudando as mesmas manifestações culturais de um determinado grupo, em uma mesma organização, com os mesmos cuidados e habilidades, podem recuperar e interpretar os fatos de forma diferente. Cada perspectiva implica a interpretação da forma como as manifestações são apresentadas em um contexto peculiar, refletindo no que o pesquisador observa.
BAEK, P.; CHANG, J.; KIM, T. Organizational culture now and going forward. Journal of Organizational Change Management, v. 32, n. 6, p. 650-668, 2019.
CARRIERI, A. P. A cultura no contexto dos estudos organizacionais: breve estado da arte. Organizações Rurais & Agroindustriais, v. 4, n. 1, 2002.
CAVEDON, N. R.; FACHIN, R. C. Homogeneidade versus heterogeneidade cultural: um estudo em universidade pública. Organizações & Sociedade, v. 9, n. 25, p. 61-76, 2002.
MARTIN, J. Cultures in organizations: three perspectives. Oxford: Oxford University Press, 1992.
Dentre outras.