Resumo

A pesquisa relacionada à Política de Dividendos (PD) tem produzido contribuições significativas para empresas e investidores ao trazer respostas a questões não resolvidas. O tema ainda requer a atenção da academia, podendo trazer contribuições valiosas para empresas com diferentes características e em diferentes economias. Em específico, países em desenvolvimento e empresas em diferentes fases de seu ciclo de vida (CVO), representam oportunidades de pesquisa que ainda podem ser exploradas.

O Brasil (economia em desenvolvimento) possui algumas especificidades e legislações quando o assunto é política de dividendos. Embora diversos autores tenham se dedicado a pesquisar este campo e propor adequações, o espaço para amadurecimento dos conceitos ainda prevalece. Resultando em uma aparente ausência de uniformidade na Política de Dividendos no Brasil (LEITE; BAMBINO; HEIN, 2019). O objetivo deste trabalho é analisar a forma como os estágios do ciclo de vida em que a empresa se encontra ajudam a expressar a relação entre os fatores determinantes para Política de Dividendos.

De acordo com Baker (2009), três aspectos precisam ser balanceados ao estudar o desenvolvimento da política de dividendos, são eles: forças possivelmente conflitantes; a riqueza dos acionistas; e, como as empresas conseguem reter lucros, visando a exploração de oportunidades de crescimentos. Segundo o autor, o último aspecto é o ponto que une a política de dividendo aos Ciclos de vida das Organizações (Baker, 2009). Por ciclo de vida das organizações entendemos a teoria que relaciona as fases de uma organização com o ciclo de vida biológico.

Neste estudo, utilizamos o modelo de Análise de Regressão Múltipla com dados em painel, por meio do software estatístico Stata (versão 14). A amostra utilizada foi composta por 258 empresas (não financeiras e de diversos tamanhos e setores), que resultou em 2.488 observações, com o recorte temporal de 2010 a 2020. Todos os dados foram extraídos da Refinitiv Financial Solutions, e analisados (para cálculo da variável) ou utilizado de forma original (quando constituía uma variável calculada).

As variáveis significativas no estágio da introdução são Tamanho e Instabilidade da Receita com coeficientes positivos; no estágio de crescimento são o ROA com comportamento positivo; no estágio da maturidade são ROA e Tamanho com coeficientes positivos, e Market to Book e Investimento com coeficientes negativos; e, no estágio de Turbulência (estágio 6) as variáveis significativas são Liquidez, com coeficiente positivo, e Endividamento, Investimento e Crescimento do Lucro operacional com coeficientes negativos. Os demais estágios apresentaram número de observações insuficientes.

Concluímos que, com base nos achados não rejeitamos a hipótese de influência do CVO sobre a política de dividendo, uma vez que ela é existente, e neste trabalho foi passível de análise nos estágios de nascimento, crescimento, maturidade e turbulência (estágio 6), os demais estágios apresentaram números de observação insuficientes e/ou não apresentaram variáveis significativas.

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