Acidente de trabalho
Retorno ao trabalho
Readaptação ao emprego
Área
Gestão de Pessoas
Tema
Bem-estar e Mal-estar no trabalho
Autores
Nome
1 - Joelma Cristina Santos UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO JOÃO DEL REI (UFSJ) - Programa de Pós-Graduação em Psicologia (PPGPSI)
2 - André Luís Fonseca Furtado INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO SUDESTE DE MINAS GERAIS (IFSEMG) - campus São João del-REi
Reumo
As sociedades, de modo geral, tendem a atribuir grande reconhecimento social à identidade daqueles que trabalham. No contexto laboral, sofrer um acidente com possíveis consequências físicas e psicossociais para o trabalhador pode levá-lo a ter novas percepções acerca das suas capacidades para o trabalho, das atividades profissionais desempenhadas ou das relações estabelecidas com colegas e chefias. Assim, o retorno ao trabalho, após o período de afastamento, pode ser fonte de ansiedade e insegurança diante das novas ou antigas funções executadas, bem como à receptividade da organização.
Esta pesquisa buscou investigar a seguinte questão: como tem se dado o retorno de trabalhadores aos ambientes laborais após afastamentos causados por acidentes de trabalho? O principal objetivo consistiu, portanto, em compreender os principais aspectos relacionados ao retorno laboral, para trabalhadores e para organizações, após acidentes ocorridos no contexto de trabalho. Para isso, foi realizada uma revisão da literatura produzida entre 2010 e 2021, por meio de buscas em plataformas eletrônicas de divulgação acadêmico-científica, resultando na seleção de 12 artigos.
Em 2019, foi registrado, oficialmente, mais de meio milhão de acidentes de trabalho, os quais acarretaram custos financeiros para a saúde pública, para o sistema previdenciário e para as organizações. Entretanto, o impacto sobre indivíduos, famílias e colegas de trabalho é incalculável do ponto de vista quantitativo. Acidentes laborais consistem no principal agravo à saúde dos trabalhadores e o retorno ao trabalho, após o período de reabilitação, demanda estratégias que possibilitem que o trabalhador seja novamente produtivo e esteja satisfeito com a sua reinserção profissional.
Foram identificadas poucas investigações voltadas, exclusivamente, para o retorno de trabalhadores que se acidentaram, além de ter sido observada uma pequena participação feminina nas amostras dos estudos, em contraste com os dados oficiais de mulheres que se acidentam no trabalho, no Brasil. Percebeu-se também uma maior tendência de retorno de pessoas que se acidentaram no trabalho, em comparação à quantidade de pessoas afastadas por outros motivos e que retornaram ao trabalho. Ressalta-se também a carência de estudos acerca da perspectiva das organizações sobre o retorno de reabilitados.
O apoio social aos reabilitados se mostrou um dos grandes facilitadores da reinserção laboral. Por outro lado, as dificuldades dos trabalhadores em lidar com as limitações físicas decorrentes dos acidentes e com as próprias percepções de redução da produtividade tornaram o retorno mais complicado. A adequação das tarefas laborais, a alocação em setores distintos daqueles em que os reabilitados trabalhavam anteriormente e uma maior atenção das organizações aos trabalhadores foram alguns dos fatores mais indicados para a minimização dos impactos negativos advindos do afastamento.
Maia, A. L. S. et al. (2015). Acidentes de trabalho no Brasil em 2013: comparação entre dados selecionados da Pesquisa Nacional de Saúde do IBGE (PNS) e do Anuário Estatístico da Previdência Social (AEPS) do Ministério da Previdência Social. São Paulo: Fundacentro.
Malta, D. C. et al. (2017). Acidentes de trabalho autorreferidos pela população adulta brasileira, segundo dados da Pesquisa Nacional de Saúde, 2013. Ciência & Saúde Coletiva, 22(1), 169-178.
Ministério do Trabalho e Previdência Social (2021). Capítulo 31 – Acidentes do Trabalho.