Resumo

O presente estudo justifica-se na medida em que busca fornecer um direcionamento às novas pesquisas acerca do desenvolvimento dos bancos digitais, considerando a abordagem da estratégia como prática social, temática ainda emergente e em amadurecimento (KOHTAMÄKI et al., 2022; WOLF; FLOYD, 2017), investindo na busca de entender quem são os estrategistas, o que eles fazem e quais ferramentas utilizam. Além disso, aponta-se a importância do planejamento estratégico como um mecanismo essencial à integração e coordenação, e mais especificamente ao desenvolvimento da estratégia, foco deste trabalho.

Diante disso, o presente estudo de caso foi elaborado a partir do seguinte problema de pesquisa: Como ocorre a estratégia de desenvolvimento de um dos maiores bancos digitais no Brasil à luz da abordagem da estratégia como prática social? Para tanto, o objetivo delineado no artigo foi compreender os principais elementos estratégicos no contexto de desenvolvimento da estratégia de um dos maiores bancos digitais no Brasil, destacando-se a práxis, as práticas e os praticantes estratégicos.

A evolução dos meios de pagamentos no Brasil também pode ser explicada pelo avanço da tecnologia; por exemplo, durante a compensação de um cheque, a pessoa precisava se descolocar fisicamente até uma agência bancária, que entregaria o cheque para então ser analisado manualmente e só depois compensado pelo banco. Esse processo era demorado e poderia levar até três dias úteis. Com o avanço da tecnologia, associado à reforma do sistema, permitiu-se que os processos ocorressem de forma mais acelerada (TRICHES; BERTOLDI, 2006). Os 3 componentes da Estratégia como Prática serviram de lente teórica.

Trata-se de uma pesquisa qualitativa, em que foi elaborado um estudo de caso, considerando como unidade de análise um banco digital brasileiro. Com sede em São Paulo, atualmente, o banco é autorizado pelo Banco Central do Brasil a atuar como banco múltiplo, com carteiras comercial e de investimento, além de possuir licença para operações no mercado de câmbio. A coleta dos dados foi realizada entre 27 de junho e 4 de julho de 2022, por meio de entrevistas semiestruturadas via Teams, com três dos quatro principais gestores do banco. Para análise dos dados, foi feita análise de conteúdo.

Ilustrando na prática o processo de criação das estratégias, a partir das interações entre diferentes praticantes em fluxos distintos de atividades (práxis), apontando o meio em que elas ocorrem, esses resultados refletem algumas das principais contribuições teóricas de Whittington (2006) e Jarzabkowski et al. (2007). Assim, durante o planejamento estratégico do banco digital sob análise é possível visualizar as nuances relacionais entre os níveis intra e extraorganizacional.

Constatou-se que as estratégias são criadas em conjunto (práxis), por meio de reuniões. Por isso, sofrem influências tanto de pessoas internas quanto externas à organização. As práticas, como as pesquisas qualitativas e quantitativas que são realizadas e o acompanhamento do sucesso das iniciativas, os ajudam a criar ou a revisar as estratégias e a guiar o planejamento em prol da sustentabilidade do grupo. Por meio deste artigo, foi possível compreender que os praticantes do banco digital em estudo elaboram as estratégias operacionais e de marketing em conjunto, interagindo com outras pessoas.

COOK, S. Selfie banking: is it a reality? Biometric Technology Today, n. 3, p. 9-11. 2017. KOHTAMÄKI, M. et al. Making connections: Harnessing the diversity of strategy‐ as‐practice research. International Journal of Management Reviews, v. 24, n. 2, p. 210-232, 2022. WHITTINGTON, R. Completing the practice turn in strategy research. Organization Studies, v. 27, n. 5, p. 613–34, 2006. WOLF, C.; FLOYD, S. W. Strategic planning research: Toward a theory-driven agenda. Journal of Management, v. 43, n. 6, p. 1754-1788, 2017.