1 - Diana Lucia Teixeira de Carvalho UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA (UFPB) - CCSA/DA
2 - Maria Alice Rodrigues Matos UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA (UFPB) - Campus 1
3 - Karolyna Costa Ribeiro UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA (UFPB) - João Pessoa
4 - Werlleson Willer Moura Silva UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA (UFPB) - Campus I
Reumo
No Brasil, a mulher que deseja parto vaginal não obtém do mercado informações suficientes, nem estrutura adequada para atendimento de suas necessidades, o que configura um desequilíbrio no sistema de marketing de parto, podendo ser a vulnerabilidade do consumidor considerada uma consequência negativa do funcionamento de um sistema de marketing. Ao mesmo tempo, a vulnerabilidade impulsiona comportamentos resilientes, tanto individuais como coletivos, o que transforma o ambiente material, social ou ecológico para reduzir os impactos negativos e/ou melhorar a qualidade de vida dos envolvidos.
O objetivo dessa pesquisa é de compreender a percepção de consumidoras e agentes que atuam no sistema de marketing do parto acerca das características do seu funcionamento identificando experiências de consumo vulnerável do parto vaginal. Adicionalmente, buscamos identificar como podem ser construídos comportamentos resilientes relativos à medicalização do parto em mulheres que escolheram o parto vaginal.
Na fundamentação, apresentamos uma discussão sobre medicalização no sistema de marketing do parto ancorada nos conceitos de medicalização (Conrad, 2005), de sistema de marketing (Layton, 2011), de equilíbrio de sistema (Barboza, 2020), bem como debatemos o parto vaginal sob a lente da vulnerabilidade (Baker et al. 2005; Hill, Sharma, 2020) e da resiliência do consumidor (Wood, 2019; Huff, 2017).
Para atender aos objetivos dessa pesquisa, de cunho exploratório, utilizamos a abordagem qualitativa. Uma vez que objetivamos pesquisar atores dos níveis micro (consumidoras) e meso/exo (profissionais de saúde), utilizamos técnicas distintas. Para o grupo de consumidoras, optamos pela história oral temática, na qual captamos informações em relação às suas experiências. Já o grupo de profissionais que trabalham com parto vaginal foi submetido à técnica da entrevista. Foram entrevistadas 28 consumidoras e 7 profissionais de saúde que trabalham com parto vaginal, com uso de roteiros distintos.
Na análise dos dados emergiram duas categorias. A primeira, falhas e entregas do sistema de marketing do parto, evidencia aspectos de assistência, atuação médica, violência obstétrica, estrutura e necessidade de pagar por assistência melhor. A segunda, suporte à resiliência, revela a importância do apoio familiar e da doula durante a gestação e o processo de parturição e da atuação de profissionais de saúde na disseminação de conhecimento sobre o parto em redes sociais, sobretudo no Instagram.
Com base nos achados, pudemos compreender que o sistema carece de modificações em nível macro e meso capazes de suportar a escolha das mulheres que decidem pelo parto vaginal, na oferta de uma estrutura física de fato adequada, de profissionais capacitados e de um acesso mais justo. Ações de suporte de resiliência à medicalização do parto devem ser fomentadas em nível micro, junto às mulheres consumidoras. A atuação das profissionais promove mudança nos níveis micro e meso/exo, minimizando experiências vulneráveis nas relações de troca relativas ao parto.
BAKER, S.M; GENTRY, J W.; RITTENBURG, T.L.Building understanding of the domain of consumer vulnerability. Journal of Macromarketing, v.25, n.2, p. 128-139, 2005.
BARBOZA, S.I.S.Equilibrium of Marketing Systems Concept and Reflection on Animal Based Industries. Food Ethics, v.5, n.1, p. 1-13, 2020.
CONRAD, P. The shifting engines of medicalization. Journal of Health and Social Behavior, v.46, n.1, p. 3-14, 2005.
LAYTON, R.A. On economic growth, marketing systems, and the quality of life. Journal of Macromarketing, v.29, n.4, p. 349-362, 2009.
WOOD, M. Resilience research and social marketing..