Dimensões e Contextos do Turismo e da Hospitalidade
Autores
Nome
1 - Filipe Gonçalves Arnoni UNIVERSIDADE ANHEMBI MORUMBI (UAM) - Vila Olímpia
2 - Valéria Ferraz Severini UNIVERSIDADE ANHEMBI MORUMBI (UAM) - Vila Olímpia
Reumo
A hospitalidade como campo de pesquisa busca a compreensão das relações sociais entre anfitrião e hóspede. Através da oferta de abrigo, proteção, alimentação e entretenimento, a hospitalidade é uma prática identificada nas mais diversas sociedades sofrendo influência de diversos constructos sociais incluindo a territorialidade e as relações de poder. Parte-se do pressuposto que a forma pela qual os territórios urbanos são disponibilizados para o usufruto dos mais variados grupos sociais, incluindo a população LGBTQIA+friendly, pode indicar sua condição hospitaleira de cidade.
Esta pesquisa visa responder a seguinte pergunta: A presença (ou
concentração) espaços LGBTQIA+friendly em
determinados territórios de centros urbanos torna essas cidades hospitaleiras?
Nesse sentido, tem-se como objetivo principal investigar a relação entre hospitalidade e territorialidade nos grandes centros urbanos a partir da concentração de empreendimentos LGBTQIA+friendly.
Lashley (2015) e Camargo (2004; 2015; 2021) buscam compatibilizar as
teorias da hospitalidade afirmando a existência das relações de hospitalidades em
diferentes tempos e espaços, ou domínios. Raffestin (1997),
Bell (2007), Grinover (2009), Ferraz (2013) trabalham a territorialidade e os espaços da
hospitalidade urbana, tendo a cidade com palco das relações na
contemporaneidade. Da mesma forma a Teoria Queer e autores que discutem
diversidade sexual e de gênero, poder e espaço social, como
Focualt (2014), Green (1999), Simões e Faccini (2008).
Trata-se de pesquisa exploratória, qualitativa, fundamentada na teoria
Queer, realizada através estudo bibliográfico e documental, assim como estudo
de caso de 3 grandes cidades da América do Norte e do Sul: Nova Iorque,
Buenos Aires e São Paulo. Assim, serão realizados levantamento de dados
geográficos, fotográficos, documentais, sobre os espaços LGBTQIA+ dessas
cidades.
Os resultados demonstram que a expansão dos territórios ocupados pela comunidade LGBTQIA+ se deu em razão do aumento da visibilidade e do reconhecimento dessas pessoas como sujeitos na sociedade de consumo, o que inclui também os efeitos negativos da apropriação do espaço, como a gentrificação, também causadas pela fragmentariedade e dispersão dessa ocupação, típica da sociedade contemporânea. Observou-se ainda que expressões de apoio e acolhimento, por meios simbólicos, contribuem para a sensação de pertencimento e ajudam na sociabilidade.
A oferta de espaços privados de uso público é essencial para a sensação de bem-estar e acolhimento à comunidade LGBTQIA+, pois nesses locais as pessoas se sentem mais à vontade e seguras para expressão livre da personalidade, de afetos, da sua sexualidade e identidade de gênero, sendo descritivos dos lugares de hospitalidade.
BELL, D. The hospitable city: social relations in commercial spaces. Progress in Human Geography, v. 31, n. 1, p. 7-22, 2007. CAMARGO, L. Os interstícios da hospitalidade. Revista Hospitalidade, p. 42-69, 2015. FERRAZ, V. Hospitalidade urbana em grandes cidades. São Paulo em foco. 2013. Tese de Doutorado. Universidade de São Paulo.; GRINOVER, L. A hospitalidade na perspectiva do espaço urbano. Revista Hospitalidade. São Paulo, ano VI, n. 1, p. 04-16, jan.-jun. 2009. SIMÕES, J,; FACCHINI, R. Na trilha do arco-íris: do movimento homossexual ao LGBT. Editora Fundação Perseu Abramo, 2009.