Resumo

A viabilização de transição energética com o Hidrogênio Verde precisa de avanços em tecnologias para seus processos, marcos regulatórios, políticas e estratégias que estimulem a criação de novas cadeias, com disponibilidade e diversidade de insumos, e investimentos em pesquisa, desenvolvimento e inovação (BEZERRA, 2021; CÉSAR et al., 2019). O alinhamento entre os atores é fator primordial para a viabilização. A Hélice Tríplice como um modelo de inovação em que a universidade, a indústria e o governo interagem para promover o desenvolvimento (ETZKOWITZ; ZHOU, 2017), promove grande contribuição.

A configuração de cenários de desenvolvimento (como, econômico e sustentável) de regiões e países contempla relações de cooperação que estimulam ter seu caminho de formação identificado. Esta pesquisa tem por objetivo contribuir para estudos das perspectivas sobre o Hidrogênio Verde sob a ótica do modelo da Hélice Tríplice (Universidade — Indústria — Governo) identificando o caminho para a configuração do modelo conforme padrões opostos: um modelo estatista e um modelo laissez-faire.

Vantagens para o Brasil em Hidrogênio Verde passam pela preponderante renovação de suas matrizes elétrica e energética, possíveis por meio da abundância de recursos energéticos naturais e renováveis existentes em seu território. Por todo o mundo estão espalhadas políticas, práticas e inovações nas organizações para transformar conhecimento em atividade econômica e resolver problemas da sociedade, e no cerne da Hélice Tríplice está a busca da identificação das fontes de geração de desenvolvimento socioeconômico para aprimoração das interações entre a universidade, indústria e governo.

Abordagem de cunho qualitativo, apropriando-se da estratégia de investigação estudo de caso descritivo. Dados foram coletados por meio de entrevistas com especialistas com roteiro semiestruturado, e analisados por intermédio de uma Análise Proposicional do Discurso (APD), contando com o auxílio do software Iramuteq.

Sobre essa formação da hélice, especificamente sua trajetória de formação, muito embora o modelo da Hélice Tríplice especifique que “o caminho que leva à hélice tríplice tem início a partir de dois pontos de vista opostos” (ETZKOWITZ, 2013, p. 16), para o caso investigado neste estudo, evidências na composição do corpus textual (algumas não formadores de proposições) resultantes das entrevistas com os especialistas, mostram interações e propostas de interações desde a idealização das ações de promoção do Hidrogênio Verde no estado do Ceará.

As interações entre as três esferas, para o caso do cenário do Hidrogênio Verde no estado do Ceará, têm ocorrências desde sua idealização, o que estabelece que o caminho da formação da Hélice Tríplice não corresponde a qualquer um dos dois exemplares explicados por Etzkowitz e Leydesdorff (2000), e as características do terceiro modelo (Balanceado – Hélice Tríplice) se apresentam no exemplo de forma a contribuir com a formação de unidades de interesse comum que tendem a alcançar o desenvolvimento local, regional e nacional.

BEZERRA, Francisco Diniz. Hidrogênio Verde: nasce um gigante no setor de energia. Caderno Setorial ETENE, v. 6, n. 212, p. 1-13, 2021. CÉSAR, Aldara da Silva et al. Hydrogen productive chain in Brazil: An analysis of the competitiveness' drivers. Journal of Cleaner Production, v. 207, p. 751-763, 2019. ETZKOWITZ, Henry. Hélice Tríplice: Universidade-Indústria-Governo, inovação em movimento. Porto Alegre: ediPUCRS, 2013. ETZKOWITZ, Henry; ZHOU, Chunyan. Hélice Tríplice: inovação e empreendedorismo universidade-indústria-governo. Estudos avançados, v. 31, p. 23-48, 2017.