Resumo

O empreendedorismo feminino é uma alternativa para a emancipação e redução da desigualdade de gêneros no país. Em 2019, a taxa de empreendedorismo inicial feminina chegou a 23,1% (GEM, 2020), revelando o interesse das mulheres em empreender. Diante disso, torna-se necessário entender quais são as motivações e desafios que elas enfrentam, considerando também o contexto atual gerado pela pandemia. Esse estudo busca contribuir para a literatura científica com a caracterização da mulher empreendedora, promovendo discussões sobre os desafios enfrentados pela mulher na gestão de um negócio.

Diante do crescimento e importância do empreendedorismo feminino no Brasil, assim como do cenário pandêmico vigente, estudos neste campo conquistam grande relevância. Nesse sentido, estabeleceram-se as seguintes questões de pesquisa: “Quais as motivações e os desafios da mulher empreendedora? Como a pandemia do COVID-19 pode influenciar o empreendedorismo feminino”? Com isso, o objetivo geral é identificar as motivações e desafios das mulheres empreendedoras ao iniciar e manter um negócio, além de analisar a influência causada pela pandemia do COVID-19 sobre o empreendedorismo.

Segundo Natividade (2009), às mulheres inseriram-se no empreendedorismo por questões relacionadas à sobrevivência. De acordo com os estudos realizados por Ummah & Gunapalan (2012), constatou-se que existem três fatores considerados pelas empreendedoras na decisão de abrir ou não um negócio: personalidade, background familiar e suporte institucional. No relatório do GEM de 2020, foi identificado que nas 36 economias mundiais as mulheres concordam que abriram um negócio para fazer a diferença no mundo, diante dessa evidência elas estão mais propensas a estarem mais motivadas que os homens.

A pesquisa é de caráter descritivo e exploratório. Para a realização do estudo, consolidaram-se os resultados obtidos por um projeto de uma universidade do centro-oeste do Brasil sobre mulheres empreendedoras, contando com entrevistas em profundidade com roteiro semiestruturado em distintos momentos, gravadas com a autorização das participantes. Ao todo, foram realizadas 27 entrevistas, de modo presencial ou por videochamadas. A média de duração das entrevistas foi de cerca de 20 minutos e as entrevistadas tinham entre 23 e 51 anos, atuando em seus respectivos ramos entre 7 meses e 30 anos.

Dentre as motivações relatadas, destacam-se a influência da família, a auto realização, a afinidade com o ramo, a motivação financeira e o reconhecimento de oportunidades. No que se refere aos desafios e dificuldades enfrentados pelas empreendedoras, destacaram-se problemas de gestão do tempo, a dificuldade em separar a vida profissional da pessoal, desvalorizações sofridas no mercado de trabalho, o preconceito e o sentimento de sobrecarga. Em relação aos principais impactos da pandemia, viu-se a necessidade de reinvenção e adaptação dos negócios, bem como a busca de novas oportunidades.

A partir desta pesquisa, aprofundaram-se conhecimentos quanto ao significado e perfil da mulher empreendedora, bem como suas principais motivações e desafios na criação e manutenção de um negócio. Apesar do crescimento do empreendedorismo feminino, ainda é necessário sanar barreiras e proporcionar uma maior valorização. No que se refere às limitações, as entrevistas refletem a realidade do empreendedorismo feminino no contexto da capital do centro-oeste. Ademais, sugerem-se pesquisas sobre políticas públicas que possam fomentar o empreendedorismo feminino e combater a desigualdade de gênero.

GEM, Global Entrepreneurship Monitor. (2020). 2019/2020 Report (Relatório Executivo). 2020. NATIVIDADE, D. R. Empreendedorismo feminino no Brasil: políticas públicas sob análise. Revista de Administração Pública, v. 43, n. 1, p. 231-256, 2009. UMMAH, S.; GUNAPALAN, S. Factors influencing on entrepreneurial success: an empirical study on women headed families in Ampara and Batticaloa districts in Sri Lanka. International Journal of Business, Economics and Law, v. 1, n. 1, p. 141-148, 2012.