Resumo

Tem sido observado na literatura científica que a orientação acadêmica possui um grande potencial para a formação de professores e pesquisadores. Isso se dá porque, por meio dela, conhecimentos didático-pedagógicos, especializados (concernentes à área de atuação) e tradições de pesquisa podem ser transmitidos de uma geração à outra (GOLDMAN; GOODBOY, 2016).

Åkerlind e McAlpine (2017) sugerem que tanto a literatura, quanto as políticas educacionais internacionais para a pós-graduação, apontam que os aspectos pedagógicos da orientação acadêmica têm focado o desenvolvimento de habilidades de pesquisa, por parte dos estudantes. No entanto, essas autoras argumentam que é necessário que se compreenda o “porquê” desse processo, isto é, seu propósito ou intenção, dado que, o “perigo de consconsiderar a prática de orientação independentemente do objetivo é que reduz o significado e obscurece a relação inerente entre o objetivo e a prática” (p. 1687).

Este estudo apresenta uma revisão de literatura, acoplada à seção introdutória.

Trata-se de um estudo de abordagem qualitativa, em que se analisou as narrativas de nove professores permanentes, que atuam como orientadores; e, 17 egressos de um doutorado, de um Programa de Pós-Graduação em Administração, de uma Universidade Federal situada no Sul de Minas Gerais. O corpus textual analisado, formado pelas transcrições das entrevistas, foi analisado por meio da Análise de Conteúdo. Foram formadas duas categorias de análise, apresentadas e discutidas na seção de resultados.

Os dados evidenciam que para os orientadores, a orientação objetiva guiar o estudante de pós-graduação no desenvolvimento de seu trabalho final, mas, de forma adicional, o processo pode objetivar a formação didático-pedagógica e cidadã. Os objetivos da orientação para os egressos, para além da inclinação à realização do trabalho final, acabam se confundindo com um conjunto de conhecimentos especializados demandados pelos estudantes, certas características pessoais que transparecem na conduta dos orientadores, diretrizes acerca de metas e indicadores de desempenho acadêmicos e relacionamentos.

O estudo considera, finalmente, que o conjunto de elementos que compõem os objetivos da orientação acadêmica no PPGA, para os atores aqui participantes, não apresenta uma definição única que os represente. Isso fica ainda mais claro, ao se observar essa multiplicidade de entendimentos acerca desses objetivos.

ÅKERLIND, G.; McALPINE, L. Supervising doctoral students: variation in purpose and pedagogy. Studies in Higher Education, v. 42, n. 9, p. 1686-1698, 2017. GOLDMAN, Z. W.; GOODBOY, A. K. Explaining doctoral students’ relational maintenance with their advisor: a psychosocial development perspective. Communication Education, p. 1-20, 2016.