O Desafio é a Inserção? O Trabalho da Mulher na Política e as Trajetórias da Participação Feminina na Implementação de Políticas Públicas para Mulheres
mulher na política
participação feminina na política
políticas públicas para mulheres
Área
Gestão de Pessoas
Tema
As faces da Diversidade
Autores
Nome
1 - Erica Cristina Pereira Lima de Souza PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS (PUC MINAS) - Coração Eucarístico
2 - Carolina Maria Mota santos PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS (PUC MINAS) - Administração
Reumo
Estudos nacionais e internacionais sobre mulheres na política apontam uma desigual trajetória calcada em gênero, que revela substanciais diferenças na ocupação de cargos políticos e participação da vida pública (BIROLI; 2018; LOLATTO; 2020; LOVENDUSK; 2019; MATOS; 2014). Entretanto, não é muito discutida a atuação de mulheres que chegam a essas posições de poder no que diz respeito à elaboração e à implementação de políticas públicas para mulheres.
Reconhecendo o avanço e contribuições das discussões sobre a inserção de mulheres na política, este ensaio pretende ampliar o debate ao refletir a atuação de mulheres em cargos políticos. Observa-se o aumento da participação feminina na política sob o olhar da representatividade. Discute-se, por exemplo, estudos que apontam Suécia, Finlândia, Ruanda como menos desiguais em relação ao gênero por haver mais mulheres ocupando cadeiras nos parlamentos desses países em comparação ao Brasil (ARAÚJO; 2001; EMÍLIO; GOMES; OLIVEIRA; 2019).
O referencial teórico deste trabalho explana a inserção da mulher na política, as trajetórias nos cargos políticos e atuação feminina na construção de políticas públicas que auxiliem no combate às desigualdades de gênero no Brasil. Discute, ainda, a participação delas nos parlamentos de países apontados como menos desiguais. Está estruturado nesses subtemas: “Recontar para não apagar: trajetória do feminismo”; “Movimento político que move a política”; “Inserção e participação de mulheres na política”; “Políticas Públicas por e para Mulheres”; “Para além da inserção: um desafio mundial”.
Lovenduski (2019), apoiando-se no conceito de Feminismo Institucional, mostra que é fundamental a inserção das mulheres na política como forma de promover políticas públicas relacionadas à igualdade de gênero. Estudos sobre mulheres na política vêm questionando a “política de presença”, isto é, a inserção feminina se contemplando unicamente o ser mulher (BIROLI; 2018; POSTHINGHER; SILVA; 2018). Biroli (2018) aponta a raça e a classe, que estão atreladas no caso brasileiro, como fatores que precisam ser considerados haja vista a desproporção quando se observa as mulheres negras.
Os estudos acadêmicos e dados apresentados neste ensaio sugerem que, na política nacional e internacional, a participação da mulher ultrapassa o prisma da inserção. Estar na política não significa participar efetivamente da política. Especialmente quando essa participação diz respeito ao desenvolvimento, implementação e apoio às políticas públicas para as mulheres. Em relação ao Brasil, este ensaio explanou algumas barreiras e chamou a atenção à segregação por classe e raça, considerando a desproporcionalidade em relação às mulheres negras na política.
BIROLI, Flávia. Gênero e desigualdades: limites da democracia no Brasil. Boitempo Editorial, 2018.
BUTLER, Judith. Trouble dans le genre: le féminisme et la subversion de l'identité. La découverte, 2019.
CRENSHAW, Kimberlé W. Sobre a interseccionalidade: Escritos essenciais . The New Press, 2017.
MATOS, Marlise; PARADIS, Clarisse Goulart. Desafios à despatriarcalização do Estado brasileiro. Cadernos pagu, n. 43, p. 57-118, 2014.
LOVENDUSKI, Joni. 3. Feminist Reflections on Representative Democracy. The PoliticalQuarterly, v. 90, p. 18-35, 2019.