Resumo

O objetivo é compreender como empresas de serviços essenciais adaptaram práticas de gestão de pessoas (GP) frente às mudanças decorrentes da pandemia de COVID-19. Foi desenvolvida uma pesquisa exploratória, descritiva e qualitativa, com entrevistas com gerentes e funcionários de duas empresas de serviços essenciais selecionadas como “Lugares Incríveis para Trabalhar” em 2020, e coleta de dados secundários. Os resultados indicam práticas de GP com foco na demanda, na intensidade de contato, tecnologia, habilidades, suporte e self (personalidade).

Com a pandemia de COVID-19, gestores de pessoas precisaram orientar e auxiliar suas equipes em direção ao desconhecido, adotando mudanças radicais no ambiente de trabalho (Carnevale & Hatak, 2020). Verma e Gustafsson (2020) destacam que empresas de serviços essenciais foram afetadas de diferentes formas: pela escassez ou aumento repentino da demanda, além disso, os trabalhadores das empresas de serviços essenciais precisaram continuar trabalhando em ambientes incertos, seja em home office ou presencialmente, aumentando os desafios de seus gestores.

Caligiuri et al. (2020) realizaram um estudo sobre empresas multinacionais e a pandemia do COVID-19 e sugerem várias questões de pesquisa envolvendo práticas de GP. Tuzovic e Kabadayi (2020) analisaram a influência do distanciamento social no bem-estar do funcionário pesquisando as ações e estratégias de empresas de serviços durante a pandemia do COVID-19 e as classificam em três níveis: macro (governamentais de saúde pública, econômica e legal); médio (demanda, intensidade de contato, tecnologias); micro (individual, subdividido em habilidades, suporte e self).

Para responder ao objetivo, foram realizadas entrevistas semiestruturadas com gerentes e funcionários duas empresas de serviços essenciais selecionadas como “Lugares Incríveis para Trabalhar ” pela Fundação Instituto de Administração (FIA) em 2020, além de coleta de dados secundários sobre as empresas e práticas de GP adotadas em relação à pandemia de COVID-19. Trata-se de uma pesquisa exploratória, descritiva e de abordagem qualitativa (Yin, 2005; Miles, Huberman & Saldana, 2014).

Por meio das entrevistas, é possível notar que os gestores têm uma tendência em relatar mais detalhes e acontecimentos relacionados às práticas de “Suporte Social” (Tuzovic & Kabadayi, 2020), realizado diretamente por eles com suas equipes. Na Empresa 1 ambos os gerentes relatam que não existe uma ação institucional, mas ambos realizam reuniões periódicas com os funcionários com o objetivo de verificar seu bem-estar pessoal e mental. Já a Empresa 2 tem um programa oferecido pela empresa desde antes da pandemia que foi adaptado e melhorado para o momento atual.

Entre as categorias sugeridas, foram encontradas práticas principalmente relacionadas a “Suporte Social”, seguido de “Suporte de Trabalho” e “Suporte de Saúde”, subcategoria que emergiu a partir da análise de dados. Foram verificadas também práticas envolvendo a “Intensidade de Contato” das atividades da empresa, o desenvolvimento de “Habilidades”, “Self (personalidade)”, a “Tecnologia” e a “Demanda”, sendo esta última a menos citada entre todas.

Caligiuri, P., De Cieri, H., Minbaeva, D., Verbeke, A., & Zimmermann, A. (2020). International HRM insights for navigating the COVID-19 pandemic: Implications for future research and practice. Journal of International Business Studies. Tuzovic, S., & Kabadayi, S. (2020). The influence of social distancing on employee well-being: a conceptual framework and research agenda. Journal of Service Management. Verma, S., & Gustafsson, A. (2020). Investigating the emerging COVID-19 research trends in the field of business and management: A bibliometric analysis approach. Journal of Business Research.