Resumo

A Covid-19 é o nome definido pela Organização Mundial de Saúde. A rápida transmissão sustentada nos continentes fez com que a OMS declarasse oficialmente, em 11 de março de 2020 a Covid-19 como Pandemia (WHO, 2020). No Brasil a primeira notificação de caso ocorreu em 26 de fevereiro de 2020, com a primeira morte em decorrência da doença em 17 de março de 2020 (BRASIL, 2020 Ministério da Saúde). De acordo com a Fundação Instituto de Administração-FIA (2020), as questões sócio-políticas sempre afetaram o comércio exterior ou interferiram no relacionamento das nações.

Os impactos econômicos no complexo de papel e celulose, baseada nas forças de oferta e demanda. Projeta-se os impactos de uma possível queda no Produto Interno Bruto (PIB) e seus reflexos sobre as exportações do complexo de papel e celulose. O objetivo é debater sobre os impactos econômicos da Pandemia Covid-19, com a aplicação de uma metodologia baseada em modelos de insumo-produto para estimar os impactos econômicos da queda das exportações no complexo de papel e celulose no estado de Mato Grosso do Sul (MS).

A Covid-19 possui a velocidade de spread, em decorrência de fatores como período de incubação, capacidade de contágio, canais de transmissão de infectados sintomáticos e assintomáticos, e inexistência de tratamento. Conforme Montebello e Bacha (2013) o setor de celulose e papel é o conjunto formado pela indústria de celulose, de papéis e de artefatos de papéis. Afirmam também, que a indústria de celulose compõe-se das empresas que produzem celulose e pasta de alto rendimento, vendida no mercado doméstico e externo.

O procedimento de cálculo do PIB estadual é o mesmo praticado pelo IBGE em relação ao PIB nacional. O PIB do complexo é a soma de quatro agregados: I) insumos para a agricultura; II) agropecuária; III) processamento (agroindústria) e; IV) distribuição e serviços. Os dados foram obtidos por meio da matriz insumo-produto de MS, ano de 2015, elaborada por Frainer et al. (2020). Para estimativa dos impactos econômicos da Pandemia Covid-19 sobre o Complexo de Papel e Celulose de MS, tomou-se como pressuposto que a queda no PIB de um país resultaria em queda semelhantes nas suas importações.

A participação das exportações na formação do PIB do complexo, obteve o valor de R$ 3,6 bilhões, 63,0% do PIB do complexo de Papel e Celulose, mostrando a dependência e vulnerabilidade as oscilações do mercado externo. Com base nas projeções de impacto da pandemia no PIB disponibilizada pela OECD, foi possível mensurar tais impactos para o complexo para 2020. As projeções após a primeira onda de contágio implicam na redução de 5,7% do PIB do complexo, tendo maior impacto no agregado III (-9,2%), este agregado é composto pelos setores ligados a indústria de transformação.

Com o PIB, foi possível mensurar a participação do complexo de Papel e Celulose, sendo cerca de R$ 5,710 bilhões (7,7% do PIB) em 2015. Constatou-se a forte orientação exportadora do complexo, com 63,0% de sua produção para o mercado externo. A Pandemia do Covid-19, o impacto econômico da queda do PIB dos países importadores de produtos do MS. No primeiro cenário, estimou-se a redução de R$ 327,99 milhões no PIB do complexo e redução de 1.392 postos de trabalho. O segundo cenário, a pandemia levaria a redução de R$ 243,79 milhões no PIB do complexo e redução de 1.157 postos de trabalho.

BALDWIN, R. E. et al. Mitigating the COVID economic crisis. Centre for Economic Policy Research, 2020. FRAINER, D. M., et al. Matriz insumo-produto de Mato Grosso do Sul 2015: construção e análise dos principais indicadores econômicos. Revista de Desenvolvimento Econômico, v. 2, n. 46, 2020 (no prelo). SISTEMA INTEGRADO DE COMÉRCIO EXTERIOR. SISCOMEX, 2020. Comex Stat. Disponível em: http://comexstat.mdic.gov.br/en/home. Acesso em 20 de maio 2020.