Resumo

No contexto atual de rápidas mudanças, o trabalho em equipe pode ser uma opção eficaz, tendo em vista que indivíduos que trabalham em conjunto são capazes de realizar tarefas mais complexas. Já que desenvolvem modelos mentais compartilhados, processos compensatórios e estados afetivos, que proporcionam ganhos em eficiência, qualidade, segurança, criatividade e flexibilidade (Hackman, 1983; Salas et al., 2008). E os treinamentos de equipes potencializam esses processos e resultados (Delise et al., 2010; Hughes et al., 2016; McEwan, Ruissen, Eys, Zumbo, & Beauchamp, 2017)

Pouco se sabe sobre a eficácia do treinamento de equipes, as características da equipe, do treinamento e da organização que mais interferem na relação entre a intervenção e os resultados, já que poucos artigos analisaram variáveis antecedentes, contextuais e moderadoras. Nesse sentido o objetivo geral: analisar a literatura internacional e nacional sobre treinamento de equipes. E (1) mapear a literatura nacional e internacional; (2) analisar as metánalises e revisões sobre a temática; (3) identificar as lacunas temporais e temáticas; (4) analisar os artigos empíricos mais recentes.

Os investimentos em ações de TD&E estão cada vez mais atrelados ao impacto sobre a produtividade dos indivíduos e equipes. Por isso, torna-se necessário investigar os resultados e benefícios dessas ações (Bell, Tannenbaum, Ford, Noe, & Kraiger, 2017; Ford, Baldwin, & Prasad, 2018). E para investigar esses resultados alguns modelos de avalição vêm sendo utilizados, tais como o de Kirkpatrick (1976), que considera a avaliação em quatro níveis: reações, aprendizagem, comportamento no cargo e resultados e o de Hamblin (1978), que dividiu o último nível, em mudança organizacional e valor final.

Todas as metanálises foram unânimes em afirmar que o treinamento de equipe é eficaz em melhorar os resultados. Entretanto quando se analisa os trabalhos empíricos mais recentes, observa-se que os estudos com delineamento experimental, em parte, tiveram dificuldades em comprovar essa relação, tendo em vista o desenho das intervenções ir de encontro com a teoria do desenho instrucional, com treinamentos curtos; pouca diversificação nas estratégias de ensino-aprendizagem; massivos; realizados em centros de treinamento e resultados muito distais.

Identificou-se que ainda existem muitas lacunas teóricas, metodológicas e práticas nas pesquisas sobre treinamento em equipes, tais como: indefinição dos conceitos de grupos e equipes; poucos modelos teóricos sobre avaliação de treinamento de equipe; reduzida análise de variáveis moderadoras e contextuais (suporte e restrições); pouca variabilidade de amostra e tamanhos de equipes, e outros tipos de equipes como equipes distribuídas e remotas; poucos artigos consideraram o ambiente real de trabalho; além de raros trabalhos no contexto brasileiro

Bell, B. S., Tannenbaum, S. I., Ford, J. K., Noe, R. A., & Kraiger, K. (2017). 100 years of training and development research: What we know and where we should go. Journal of Applied Psychology, 102(3), 305–323. https://doi.org/10.1037/apl0000142.supp Delise, L. A., Gorman, C. A., Brooks, A., Rentsch, J. R., & Steele-Johnson, D. (2010). The Effects of Team Training on Team Outcomes: A Meta-Analysis. P E RFO R MANC E I MP ROVEMENT QUARTERLY, 5(4), 53–80. https://doi.org/10.1002/piq Ford, J. K., Baldwin, T. T., & Prasad, J. (2018). Transfer of Training: The Known and the Unknown. Annual Review o