Resumo

Título do Artigo

A REFLEXÃO NA PRÁTICA GERENCIAL: uma análise à luz da fenomenografia
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Palavras Chave

Reflexão
Fenomenografia
Prática gerencial

Área

Estudos Organizacionais

Tema

Aprendizagem nas Organizações

Autores

Nome
1 - José Florentino Vieira de Melo
UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA (UFPB) - Programa de Pós-Graduação em Gestão Pública e Cooperação Internacional
2 - THEREZA CHRISTINA GAMA PRADO FREIRE
UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA (UFPB) - PGPCI
3 - Flávio dos Santos Aires
UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA (UFPB) - UFPB - Campus João Pessoa
4 - ANA CAROLINA KRUTA DE ARAUJO BISPO
UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA (UFPB) - Departamento de Administração

Reumo

O aprendizado contínuo passou a ser uma exigência da sociedade. Desenvolvida na década de 1970 no campo da educação, a fenomenografia encontra seu alicerce no princípio de que que os indivíduos possuem diferentes concepções sobre um fenômeno, baseados em suas próprias experiências. Busca-se neste artigo utilizar a fenomenografia como método de pesquisa para contribuir com o desenvolvimento de estudos organizacionais, de forma a compreender como concepções da reflexão podem auxiliar no aprendizado de gestores dentro da perspectiva construtivista.
Silva (2009) afirma que a aprendizagem experiencial ocorre apenas quando se reflete. Daí surge a inquietação dos pesquisadores em compreender quais são as percepções dos gestores acerca do processo reflexivo. O problema de pesquisa decorre dos questionamentos: como os gestores refletem? Qual a percepção dos gestores acerca do processo reflexivo para a aprendizagem? Entende-se que tratar da prática reflexiva de gestores é um tema relevante e atual e que possíveis investigações deste assunto, à luz da fenomenografia, podem trazer resultados surpreendentes.
Dewey (1976) definiu a reflexão como uma consideração ativa e persistente de alguma crença ou forma de conhecimento. Para ele, a educação advinda da experiência proporciona o incremento da capacidade de direção, possibilitando o desenvolvimento de indivíduos e de grupos que compartilhem desta experiência (MARTINS, 2007). Diversos estudos mostram que os gerentes dispõem de pouco tempo para refletir em meio à ação nos ambientes profissionais (YANOW e TSOUKAS, 2009). Daudelin (1996) aponta que gestores valorizam mais a ação que a reflexão.
A fenomenografia é um método de pesquisa qualitativa que busca capturar as concepções individuais acerca dos fenômenos. Este artigo utilizou a metodologia de trabalho fenomenográfico proposta por Khan (2014), o qual considera que o número de quinze participantes é suficiente para expor linhas de pensamento acerca do tema da pesquisa. Assim foram entrevistados quinze gestores, com posterior transcrição das entrevistas. Para categorizar o conteúdo transcrito, os pesquisadores não analisaram diretamente o fenômeno, mas buscaram afirmações a partir das ideias dos indivíduos sobre ele.
A análise produzida levou à identificação de categorias através das quais os entrevistados mostraram diferentes níveis de profundidade quanto a suas percepções acerca do tema proposto. Da análise dos dados foram identificadas as seguintes categorias: (1) dificuldade de refletir em meio à ação; (2) aprendizado advindo da reflexão posterior à ação; (3) reflexão individual antes da ação como forma de balizar a tomada de decisões; (4) habilidade de refletir na ação; (5) prática da reflexão em grupos, desenvolvendo-se comunidades de aprendizagem.
Todos os entrevistados demonstraram adotar a reflexão em suas rotinas diárias, tanto no âmbito profissional quanto no pessoal, sendo observadas distinções em suas formas no que se refere à condição temporal – antes, durante ou após a ação – e em momentos de solidão ou nas relações interpessoais (discussões em grupo). Não foi identificado o processo de reflexão da reflexão (SCHÖN, 1983), o que indica que novos estudos podem ser realizados para o estudo desse fenômeno.
DAUDELIN, M. W. Learling from experience through reflection. Organizational Dynamics, v. 24, n. 3, p. 36-48, 1996. DEWEY, J. Experiência e educação. São Paulo: Editora Nacional, 1976. KHAN, S. H. A qualitative research methodology in Bangladesh. International Journal on Trends in Education and Their Implications, v. 5, n. 2, p. 34-43, 2014. MARTINS, Â. M. G. S. O sentido da educação que vem da experiência: as ideias de John Dewey. Práxis Educacional, v. 3, n. 3, p. 147-163, 2007. SILVA, A. B. Como os gerentes aprendem? São Paulo: Saraiva, 2009.