Resumo

O consumismo da sociedade ocasionou a crescente demanda por recursos naturais e, no mundo da moda, o cenário não foi diferente. A indústria têxtil é setor que congrega elevado impacto ao meio ambiente. Assim, apresentando-se como alternativa para o cumprimento das regulamentações, criação de valor e engajamento socioambiental, tem-se a Economia Circular (EC), alternativa estratégica mais limpa e ecoeficiente. Sendo um dos princípios da EC, manter produtos materiais em ciclos de uso, o Upcycling apresentou-se como o modelo a ser evidenciado nos grupos pesquisados.

O presente artigo investigou a Economia Circular (EC) como alternativa para o passivo ambiental da indústria têxtil, na tentativa de responder o seguinte questionamento: Considerando o elevado impacto ambiental da indústria têxtil, de que maneira a economia circular pode reduzir tais impactos, ou seja, o seu passivo ambiental? Pretendeu-se, especificamente, identificar um dos tipos de EC, o Upcycling, em três grandes grupos da moda brasileiros; identificar o lançamento estrutural do passivo ambiental e das iniciativas de EC desses grupos.

No aspecto ambiental, a EC apontou como uma concepção da relação meio ambiente e economia (SU et al., 2013; ABADIA et al., 2016). As alternativas visam “fechar o ciclo de recursos” (ZUCCHELLA; PREVITALI, 2018). A técnica de Upcycling, para Shoup (2008), agrega às peças produzidas uma qualidade igual ou melhor que a de seu original. Conforme pontuado por Ribeiro (2010, p.20) “a elaboração dos documentos relacionados ao meio ambiente demanda recursos e tempo”, mas o posicionamento organizacional em relação a sua postura e preocupação com a questão ambiental.

Realizou-se uma pesquisa documental com abordagem qualitativa. A compreensão dos termos sustentabilidade, EC, do modelo de produção denominado Upcycling e passivo ambiental foi realizada por meio de pesquisa bibliográfica em dados primários e secundários sobre os temas. Para apontar as evidências de um dos tipos de economia circular, o Upcycling implementadas, delimitou-se como corpus analítico os relatórios anuais (Balanços, Demonstrações Financeiras, Relatórios de Sustentabilidade), analisando de forma complementar outros materiais institucionais dos grupos analisados divulgados.

Nas três empresas analisadas, há evidências de práticas sustentáveis de EC, bem como a incorporação do upcycling como alternativa para a redução dos impactos ocasionados pelo descarte final de resíduos sólidos. Entretanto, não foi possível realizar, de maneira comparativa, como a EC vem se apresentando como alternativa para o passivo ambiental da indústria têxtil por falta de lançamentos estruturais dessas iniciativas nos relatórios das empresas pesquisadas.

Constatou-se, por fim, que as empresas analisadas não estão utilizando de maneira eficiente informações que poderiam ampliar a natureza qualitativa dos esforços desempenhados, bem como o engajamento uniforme das dimensões ambiental, social e econômica.

ABREU, M. C. S.; CASTRO, F. C.; LAZARO, J. C. Avaliação da influência dos stakeholders na pro atividade ambiental de empresas Brasileiras. Revista de Contabilidade e Organizações, São Paulo, n.17, p.22-35, 2013. VELLANI, C. L.; RIBEIRO, M. S. Sistema contábil para gestão da ecoeficiência empresarial. Revista Contabilidade & Finanças, USP, São Paulo, v. 20, n. 49, p. 25-43, jan./abr. 2009. ZUCCHELLA, A.; PREVITALI, P. Circular business models for sustainable development: A “waste is food” restorative ecosystem. Business Strategy and the Environment. 2018;1–12.