Resumo

A pesquisa em inovação no setor publico tem avançado consistentemente nas ultimas décadas. Há porem um excessivo foco em contextos empíricos de países desenvolvidos e uma carência de construtos teóricos que ajudem a compreender como governos constroem suas capacidades inovadoras.

Embora avanços recentes apontem para uma ponte entre as capacidades dinâmicas e as capacidades governamentais. Um problema ainda persiste. Os estudos existentes tem focado mais em como coordenar, realocar, nutrir capacidades e não em entender o processo de construção das mesmas. Este paper argumenta que a literatura da construcao de capacidades tecnologicas pode contribuir para suprir esta lacuna teorica oferecendo construtos e métodos que ajudem a melhor compreender a construcao de capacidades. Se argumenta ainda que as prefeituras brasileiras devem ser foco deste estudo.

É discutida a literatura empírica recente sobre capacidades inovadoras no setor público em países desenvolvidos e desenvolvimento. Nesta revisão são mostradas as contribuições especialmente quanto ao conceito de capacidades dinâmicas (Kattel & Mazzucato 2018) e as lacunas que indicam tanto a falta de um framework teórico para explorar a construção das capacidades inovadoras (Bell & Figueiredo 2012) como indicam que, no caso brasileiro, as prefeituras podem ser um recorte válido para entender e replicar este fenômeno.

Com base em uma survey exploratória ilustra-se a rica dinâmica existente em prefeituras paulistas, no que tange a inovações maiormente relacionadas com a capacidade administrativa. Esta dinâmica indica a existência de diferenças a explicar, entre prefeituras comparáveis em capacidade financeira (Afonso & Araujo 2006) e em outras dimensões (p.ex. populacao, índice de desenvolvimento, localização geográfica), no que tange a quantidade de inovações implementadas, grau de novidade destas inovações e a existência de early implementers.

Se argumenta que a dinâmica apresentada para algumas prefeituras paulistas representa um rico pano de fundo que pode ser lido com ajuda dos frameworks da acumulação de capacidades tecnológicas. Futuros estudos devem se focar em explorar e ajudar a explicar as diferenças apontadas na discussão.

Afonso, J. R., & Araujo, E. A. (2006). Local government organization and finance: Brazil. In A. Shah (Ed.), Local governance in developing countries. World Bank. Bell, M., & Figueiredo, P. N. (2012). Building Innovative Capabilities in Latecomer Emerging Market Firms: Some Key Issues. In E. Amann & J. Cantwell (Eds.), Innovative Firms in Emerging Market Countries (pp. 24–110). Oxford University Press. Kattel, R., & Mazzucato, M. (2018). Mission-oriented innovation policy and dynamic capabilities in the public sector. Industrial and Corporate Change, 27(5), 787–801.