Resumo

A Gestão Estratégica de Pessoas (GEP) surgiu em meados da década de 1980 e atualmente apresenta-se como um relevante campo de pesquisa e prática em administração (Kaufman, 2015). Sua relevância acadêmica tem merecido crescente destaque internacional, haja vista a importância da atuação estratégica de Gestão de Pessoas (GP) (Jackson, Schuler, & Jiang, 2014). Pode-se definir a GEP como a conexão vertical das práticas de GP com a estratégia organizacional e, horizontalmente, a congruência entre as várias práticas de gestão de pessoas (Wright & McMahan, 1992).

A partir da identificação de lacunas emergentes na área, foi constatada a necessidade de atenção à temática implementação de políticas e práticas estratégicas de Gestão de Pessoas. O presente estudo caracteriza o cenário nacional no que se refere à pesquisa do tema. Para tanto, desenvolveu-se uma revisão bibliométrica nos periódicos nacionais da área de Administração, nos níveis Qualis B2 ou acima, descreveu-se a institucionalização da pesquisa no Brasil e retratou-se um sociograma com as redes de relacionamento de pesquisa em âmbito nacional.

As intervenções ocorridas na organização podem ou não decorrer de uma estratégia articulada de GP. Algumas políticas podem ser implementadas sem um planejamento explícito prévio, ao passo em que algumas das estratégias planejadas podem nunca ser efetivamente implementadas (Truss & Gratton, 1994). Lengnick-Hall et al. (2009) apresentam uma agenda de pesquisa que destaca a necessidade de se conceder mais ênfase às questões de implementação na Gestão Estratégica de Pessoas, especificamente no que se refere ao alinhamento vertical e horizontal dos sistemas de GP.

Entre os anos de 1997 e 2017, apenas 19 artigos sobre a temática da implementação da GEP foram publicados nos 32 periódicos pesquisados. A caracterização dos estudos indica a predominância de artigos de natureza qualitativa, que adotam como abordagem metodológica o estudo de caso e empregam, em sua maioria, a entrevista e a análise de conteúdo como técnicas de coleta e análise de dados, respectivamente. O emprego de tais ferramentas de investigação é coerente com a natureza do fenômeno em estudo. O quadro indica que a implementação da GEP ainda é um tema em fase de desenvolvimento no Brasil.

Há carência de estudos que combinem o emprego de abordagens de natureza qualitativa e quantitativa e de estudos desenvolvidos em organizações públicas. Além disso, os resultados desvelam a necessidade de diversificação das abordagens metodológicas empregadas. Com relação à institucionalização da pesquisa no Brasil, nota-se o crescimento dos grupos de pesquisa que investigam a GEP, embora não tenham como foco único a implementação. A produção sobre o tema concentra-se regionalmente no estado de São Paulo, embora a produção também exista de modo descentralizado no país, com raras redes.

Araújo, R. F., & Alvarenga, L. (2011). A bibliometria na pesquisa científica da pós-graduação brasileira de 1987 a 2007. Revista Eletrônica de Biblioteconomia, 16(31), 51-70. Lengnick-Hall, M. L., Lengnick-Hall, C. A., Andrade, L. S., & Drake, B. (2009). Strategic human resource management: The evolution of the field. Human Resource Management Review, 19(2), 64–85. Piening, E. P., Baluch, A. M., & Ridder, H.-G. (2014). Mind the Intended-Implemented Gap: Understanding Employees? Perceptions of HRM. Human Resource Management, 53(4), 545-567.