Resumo

Considerando a complexidade e as mudanças nos ambientes organizacionais e na busca de melhor gerenciamento de pessoas, a gestão por competências tem ganhado destaque nas práticas gerenciais de recursos humanos. Diversas organizações têm recorrido à utilização deste modelo de gestão como recurso para planejar, selecionar e desenvolver as competências pessoais necessárias ao negócio, prospectando o alcance dos seus objetivos e proporcionando um impacto positivo sobre o desempenho organizacional.

Frente a diversidade de discussões que perfazem a temática este estudo problematiza: como vêm sendo discutidos e sistematizados os estudos sobre gestão por competência, no Brasil nos últimos anos? Para responder à questão e suscitar novos estudos, este trabalho objetiva verificar a conjuntura dos estudos organizacionais, que versam sobre “gestão por competências”, retratando o estado da arte e verificando o poder relacional dos pesquisadores, a partir dos estudos produzidos em periódicos científicos nacionais da área de administração, no período de 2000 até o primeiro semestre de 2017.

Acerca do conceito de competência verifica-se diferentes olhares sobre a apropriação do termo no contexto dos estudos organizacionais. A gestão de pessoas aborda a temática sob dimensões da cognição, estímulo ao desenvolvimento profissional, capacidade de aprendizagem, cultura organizacional e desenvolvimento individual (Comini, Konuma, & Santos, 2008; Fleury e Fleury, 2001; Zarifian, 2001). A gestão por competências pode ser pensada como forma de mobilização, integração, transferência de conhecimentos, recursos e habilidades, que permitam a agregação de valor à organização e ao indivíduo.

Adotou-se como recurso metodológico a bibliometria com revisão de artigos publicados no período de 2000 a 2017, em 32 periódicos nacionais da área de administração. A seleção dos periódicos considerou a classificação Qualis (A2, B1 e B2) no quadriênio 2013-2016. Foram analisados 62 artigos de 24 periódicos acadêmicos, publicados em português, espanhol e inglês, revisados por especialistas. Para compreender a centralidade do poder da rede de pesquisadores e a geografia das principais instituições envolvidas com a temática utilizou-se da network analysis (Koohborfardhaghighi & Kim, 2012).

Os resultados permitiram o mapeamento do perfil e tipificação metodológica dos estudos, apontando significativa variabilidade da produção no período estudado, a proeminência de estudos teóricos-empíricos, de natureza qualitativa e realizados em empresas de grandes porte. A análise da centralidade da rede demonstra Sant´Anna A. S. e Brandão, H. P. como os pesquisadores que apresentaram o maior número de relacionamentos. A geografia dos estudos demonstra maior participação de pesquisadores da região sudeste, sul e Distrito Federal.

Ademais a tímida participação de outras regiões brasileiras em estudos sobre a temática, infere-se a irrisória participação de profissionais de outras áreas nos estudos publicados. A proposição de uma agenda de pesquisa atenta para a dispersão dos estudos, demandando pesquisas que integrem parcerias institucionais e profissionais. Tal iniciativa auxiliaria no avanço da temática, superando lacunas nas relações de áreas de conhecimento, grupos de pesquisa e abordagens metodológicas. Outrossim, percebe-se a necessidade de desenvolvimento de novos olhares sobre a gestão por competências.

Comini, G. M., Konuma, C., & Santos, A. L. dos. (2008). Sistema de Gestão de Pessoas por Competências: um olhar crítico para a dimensão do desenvolvimento individual. Gestão & Regionalidade, 24(69), 6-18. Fleury, M. T. L., & Fleury, A. (2001). Construindo o conceito de competência. Revista de administração contemporânea, 5, 183-196. Koohborfardhaghighi, S., & Kim, J. (2012). Improving Recommendation Flow with Centrality Measure in an Evolving Social Network. 26th International Conference. Zarifian, P. (2001). Objetivo competência: por uma nova lógica. São Paulo: Atlas.