Resumo

A presente pesquisa trata dos valores do trabalho (VT) e dos vínculos comprometimento (CC) e entrincheiramento na carreira (EC) entre servidores do Instituto Federal do Sertão Pernambucano. Com o intuito de compreender o que é importante para os servidores públicos da área de educação no ambiente de trabalho e saber se tem relação com o comprometimento e entrincheiramento na carreira.

O presente estudo apresenta o seguinte problema de pesquisa: Qual a influência dos valores do trabalho no comprometimento com a carreira e no entrincheiramento na carreira entre servidores de um Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia? Assim emerge o objetivo: analisar a influência dos valores do trabalho no comprometimento com a carreira e no entrincheiramento na carreira entre servidores públicos de um Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia, localizado no Estado de Pernambuco, Brasil.

Porto e Tamayo (2003) definem os valores do trabalho como princípios ou crenças sobre metas ou recompensas desejáveis que as pessoas buscam por meio do trabalho e que guiam as suas alternativas e o seu comportamento no trabalho. Carson e Bedeian (1994) definem o comprometimento com a carreira como “a motivação para trabalhar em uma vocação escolhida”. Em relação ao entrincheiramento na carreira, Carson, Carson e Bedeian (1995) o definem como um processo em que os indivíduos não se adaptam e não se motivam a encontrar alternativas para o seu desenvolvimento profissional.

Foi aplicado um survey por e-mail entre servidores do IF Sertão PE, obtendo-se 246 respostas, sendo 57,32% composta por TAEs e 42,68% por docentes. Além das questões sociodemográficas, foram utilizados os instrumentos de Carson e Bedeian (1994), Carson, Carson e Bedeian (1995) e Porto e Pilati (2010) para mensurar o CC, o EC e os VT, respectivamente. Os dados passaram por análise estatística descritiva e tratamento dos dados através da análise exploratória. Aplicou-se ANOVA e a técnica multivariada de modelagem de equações estruturais.

O construto valores do trabalho emergiu como preditor significativo do comprometimento com a carreira e pouco significativo do entrincheiramento. Fatores como universalismo/benevolência (ter compromisso social, ser útil e colaborar para o desenvolvimento da sociedade), autodeterminação (ter autonomia na realização das tarefas e liberdade na forma de realização do trabalho), estimulação (ter um trabalho criativo e inovador, que requer originalidade e que permita conhecer pessoas novas) e segurança (ganhar dinheiro, ter independência financeira) foram as que mais contribuíram como preditores.

Com o auxílio das técnicas multivariadas, concluiu-se, para a amostra analisada que, nos modelos parciais, os valores relativos ao trabalho explicaram 20% do comprometimento com a carreira e apenas 2% do entrincheiramento. No modelo completo, que envolveu os três construtos, os valores explicaram 26% do comprometimento e apenas 0,64% do entrincheiramento. Os resultados permitem concluir que os valores do trabalho são fortes preditores do comprometimento com a carreira e fracos preditores para o entrincheiramento na carreira, contribuindo para o entendimento da relação entre os construtos.

Carson, K. D., & Bedeian, A. G. (1994). Career commitment. Journal of Vocational Behavior, 44(3), 237-262. Carson, K. D., Carson, P. P., & Bedeian, A. G. (1995). Development and construct validation of a career entrenchment measure. Journal of Occupational and Organizational Psychology, 68(4), 301-320. Magalhães, M. O. (2013). Propriedades Psicométricas da versão brasileira da escala de comprometimento com a carreira. Psicol. cienc. prof., 33(2), 303-317. Porto, J. B., & Pilati, R. (2010). Escala revisada de Valores para o Trabalho - EVT-R. Psicologia: Reflexão e Crítica, 23(1), 73-82.