Resumo

A Gestão de Recursos Humanos (GRH) tem buscado se modernizar para melhor desempenhar suas funções. Está atenta a inovações e, no âmbito dos processos de recrutamento e seleção, tem assistido ao uso crescente da tecnologia. Nesse contexto, as redes sociais mostram-se ferramenta promissora, trazendo informações que os candidatos normalmente não expõem em etapas presenciais do processo. Mas enquanto seu uso pode agilizar e sofisticar recrutamento e seleção, ele também envolve controvérsias, ligadas à falta de segurança nas informações, ao risco de rotular pessoas, à invasão de privacidade.

O uso de redes sociais nesses processos leva a diferentes entendimentos diante do seu caráter de novidade e da sua complexidade. A prática de seleção utilizando redes sociais é relativamente,recente, logo a literatura sobre essa questão ainda é escassa, embora o espaço que esse tema ocupa na mídia tradicional reforce a atualidade do assunto. Tudo isso aponta para uma lacuna que este estudo pretende contribuir para preencher, ao assumir como objetivo analisar como gestores e consultores de recursos humanos percebem o uso das redes sociais em processos seletivos.

Os temas que fundamentam este estudo são: (i) a Gestão de Recursos Humanos (GRH), área da organização que se envolve com políticas e processos capazes de permitir que o capital humano da empresa possa agregar valor a ela; (ii) os processos de recrutamento e seleção, em que a organização busca pessoas para o preenchimento de vagas e analisa quem tem o perfil adequado aos cargos; (iii) as redes sociais, dentre as quais estão Facebook, Twitter, LinkedIn, Instagram e YouTube, além de outros ambientes colaborativos que facilitam as interações em rede por meio de uma base virtual.

Nesta pesquisa exploratória e qualitativa, realizaram-se entrevistas com gestores/consultores de recrutamento e seleção que vivenciam o dia a dia desses processos. Os entrevistados são profissionais de recursos humanos seniores, com larga experiência no mercado, com média de 26 anos trabalhando exclusivamente com recursos humanos e com atuação em grandes empresas do cenário organizacional. O conteúdo das entrevistas foi submetido à análise de conteúdo e distribuído nas categorias: (i) uso das redes sociais; (ii) análise das redes sociais; e (iii) perspectivas para as redes sociais.

Os resultados mostram que o uso dessas redes em processos seletivos é uma realidade, seja para divulgar vagas, captar e analisar candidatos, recolocação, hunting. Baseia-se nas lacunas de métodos tradicionais, na diversidade de informações que oferece e na agilidade que permite, dentre outros aspectos. Sua relevância é consenso. As redes mais usadas são LinkedIn e Facebook. Os perigos a elas associados estão na sua supervalorização como ferramenta única, em avaliações equivocadas e fragilidades tecnológicas. Seu futuro é apontado com promissor e a expectativa é de que seu uso seja crescente.

Este estudo contribui para que se entenda melhor um fenômeno recente ao mostrar a percepção de especialistas sobre o uso das redes sociais em processos seletivos. Seu valor também está no fato de evidenciar e discutir os riscos e benefícios existentes, mostrando que cabe a todos os envolvidos reconhecê-los para minimizá-los sem que se deixe, no entanto, de aproveitar as vantagens que são capazes de oferecer, seja auxiliando profissionais de GRH a trazer eficiência para as empresas, seja ajudando candidatos a ganhar visibilidade e se relacionarem, mais diretamente, com as organizações.

BROUGHTON, A. et al. The use of social media in the recruitment process. Institute for Employment Studies, Brighton, 2013. CLARK, L. A.; ROBERTS, S. J. Employer’s use of social networking sites: a socially irresponsible practice. Journal of Business Ethics, v. 95, n. 4, 2010. HAZELTON, A. S.; TERHORST, A. Legal and Ethical Considerations for Social Media Hiring Practices in the Workplace. The Hilltop Review, v. 7, n. 2, p. 7, 2015. VAN IDDEKINGE, C. H. et al. Social media for selection? Validity and adverse impact potential of a Facebook-based assessment. Journal of Management, v.42, n.7, 2016