Resumo

Reconhecendo os escritórios de advocacia como organizações intensivas em conhecimento, nas quais o conhecimento constitui seu principal ativo e a essência dos seus serviços, o presente estudo buscou verificar se e como estas organizações gerenciam o conhecimento ativo como forma de gerar e manter vantagem competitiva, e quais seriam efetivamente as práticas utilizadas no contexto destas organizações. Buscou-se ainda entender a orientação de aprendizagem predominante, analisando a capacidade de exploração, explotação e ambidestria no contexto destas organizações.

Embora alguns estudos tenham se voltado para a Gestão do Conhecimento nos ambientes da prestação de serviços de um modo genérico, poucos estudos buscaram avaliar as práticas de Gestão da Informação e gestão do conhecimento nos ambientes jurídicos, especialmente no contexto dos escritórios de advocacia. Assim, o presente trabalho tem por objetivo identificar e analisar as práticas da Gestão da Informação e do Conhecimento existentes em médios e grandes escritórios de advocacia.

Como base teórica, foram utilizadas as dimensões Estrutura Organizacional, Cultura Organizacional, Recursos Humanos e Sistemas de Informação e Comunicação, extraídas do modelo de Gestão do Conhecimento proposto por Terra (2005), buscando-se ainda entender a orientação de aprendizagem predominante (exploration / exploitation), de acordo com o modelo de aprendizagem organizacional proposto por March (1991).

Optou-se pela metodologia de estudo de casos múltiplos, compreendendo 04 (quatro) escritórios de Advocacia sediados em Belo Horizonte – MG, dos quais 3 (três) são considerados escritórios de grande porte e 01 (um) deles se caracteriza como escritório de médio porte. A abordagem metodológica compreendeu 28 entrevistas, observação e análise documental. Por meio do NVivo, foi realizada a organização do conteúdo das entrevistas realizadas, com dados categorizados.

Os resultados apontaram para um baixo nível de adoção de práticas de Gestão da Informação e do Conhecimento. As poucas práticas identificadas se mostraram incipientes e decorrentes de movimentos informais, desprovidos de suporte estrutural ou cultural capazes de fomentar a Gestão do Conhecimento. As organizações pesquisadas não compreenderam a relevância da Gestão do Conhecimento como forma de criar e sustentar vantagem competitiva. Processos exploratórios praticamente inexistem e a explotação do conhecimento é limitada pela falta de padrões para classificação da informação.

Apesar de se reconhecerem como organizações baseadas no conhecimento (KIBS), os escritórios de advocacia ainda se encontram extremamente imaturos em termos de gestão da informação e do conhecimento. As poucas práticas identificadas não integram um processo formal e estruturado de GC, e são realizadas de modo eminentemente informal, sem uma estrutura capaz de organizar e fomentar a criação de novos conhecimentos, em busca da geração de valor para estas organizações.

Kabene, S. M., King, P., & Skaini, N. (2006). Knowledge management in law firms. Journal of Information, Law and Technology, 1. March, J. G. (1991). Exploration and exploitation in organizational learning. Organization science, 2(1), 71-87. Na Fu (2015) 'The role of relational resources in the knowledge management capability and innovation of professional service firms'. Human Relations, 68, 731 - 764. Popadiuk, S. (2015). Exploração, explotação e ambidestria: Inovação para a geração de valor – São Paulo: Editora Mackenzie. Terra, J. C. C. (2005). Gestão do conhecimento.