1 - KATIA CYRLENE DE ARAUJO VASCONCELOS UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO (UFES) - ppgadm - PROGRAMA DE PÓS GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO
2 - Annor da Silva Junior UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO (UFES) - Departamento de Ciências Contábeis
3 - Juliana Caliman UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO (UFES) - Campus de Goiaberas
Reumo
Diante da natureza multidimensional da sustentabilidade, do seu caráter contextual e da distância entre um modelo sustentável e o modelo de gestão tradicional, argumenta-se que essa transição para um modelo de negócios sustentáveis como paradigma só será possível se ela estiver inserida no cotidiano das organizações por meio da construção de uma visão compartilhada e de práticas que são criadas, recriadas e estabelecidas de forma conjunta, possibilitando que os atores organizacionais estabeleçam significados e assim, legitimem as práticas de sustentabilidade.
A questão central que se apresenta para esse artigo é “qual o significado de sustentabilidade para os profissionais que atuam no contexto de operações florestais?”. O objetivo geral desse artigo é identificar e compreender qual o significado pessoal de sustentabilidade, os valores considerados fundamentais e as práticas de trabalho que possibilitam, na visão dos atores organizacionais, uma atuação sustentável.
Compreendendo que a sustentabilidade é um conceito abstrato e multidimensional, discute-se nesse artigo, que na medida em que este conceito vai sendo compreendido e apropriado por quem faz o dia a dia em uma organização, aumenta-se a possibilidade dessa apropriação. Mas para isso, torna-se necessário discutir os desafios de se estabelecer uma visão compartilhada entre as organizações e seus praticante, assim como analisar o quanto valores éticos e multiculturais são importantes para planejar e implementar práticas de sustentabilidade organizacional.
Trata-se de uma pesquisa de cunho qualitativo e descritivo realizada em uma empresa de base florestal na região sudeste. Os dados foram construídos por meio de triangulação com aplicação de questionário, entrevistas e observações e os sujeitos de pesquisa foram os profissionais de nível operacional e técnico que atuam nos processos de colheita florestal . A técnica empregada para a análise e interpretação dos dados foi a análise textual interpretativa (GIL FLORES, 1994).
Em linhas gerais, o que se percebe é que o contexto de trabalho da empresa pesquisada vai ao encontro do que a academia tem discutido quanto os desafios da sustentabilidade e as lacunas da implementação, como por exemplo, a necessidade das organizações se ocuparem com condições culturais, do pensamento ético e dos valores (VUCETICH; NELSON, 2010; FLOREA; CHEUNG; HERNDON, 2013) e dos sistemas de orientação de envolvimento humano para enfrentar fenômenos de gestão de sustentabilidade em vários níveis (STARIK; KANASHIRO, 2013).
Foi possível identificar que os conceitos, valores e práticas de sustentabilidade são compreendidos de forma parcialmente distinta pelos diferentes grupos profissionais. Evidencia-se ainda, a distância existente entre o conceito transversal proposto pela organização e o entendimento departamental presente na visão dos profissionais, apontando para os desafios existentes de construção de uma noção compartilhada entre a organização e os seus profissionais, assim como os desafios de tornar a natureza abstrata da sustentabilidade mais concreta favorecendo a implementação no âmbito da organização.