Resumo

Título do Artigo

Gestão Social: Epistemologia para além de um paradigma
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Palavras Chave

Gestão social
Paradigma
Círculo das matrizes epistêmicas

Área

Administração Pública

Tema

Gestão Social e Organizações do Terceiro Setor

Autores

Nome
1 - Daniel José Silva Oliveira
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS (UFMG) - Centro de Pós-Graduação e Pesquisas em Administração (CEPEAD)

Reumo

Em meio a debates polarizados e muitas vezes acirrados sobre os paradigmas (guerra paradigmática), vários autores têm feito críticas que deixaram expostos os limites e fragilidades do diagrama dos paradigmas sociológicos e da tese da incomensurabilidade kuhniana. Porém, estes debates não avançaram no sentido de uma ruptura, ou seja, não resultaram em alternativas contundentes que superassem definitivamente a mentalidade paradigmática. No entanto, Paes de Paula (2015) propôs uma alternativa para superar a mentalidade paradigmática baseada em reconstruções epistêmicas.
O objetivo deste ensaio teórico é propor um novo caminho para o debate epistemológico no campo da gestão social para além das fronteiras paradigmáticas: o círculo das matrizes epistêmicas.
A questão paradigmática no debate epistemológico sobre gestão social não é consensual entre os pesquisadores do campo. Existem autores que consideram a gestão social como um campo pré-paradigmático ou multiparadigmático. A dificuldade de posicionar o campo da gestão social pela a lógica da incomensurabilidade de paradigmas reforça a ideia de que o campo da gestão social não se adequa a esse modelo. Visando superar essa lógica, Paes de Paula (2015) propõe o círculo de matrizes epistêmicas que, ao contrário da mentalidade paradigmática, busca promover a conciliação entre interesses cognitivos.
A partir da análise de alguns estudos sobre gestão social é possível perceber que o debate epistemológico no campo da gestão social transita com mais frequência entre as matrizes hermenêutica e crítica, indicando que os pesquisadores se guiam principalmente pelo interesse prático e emancipatório. Estes estudos se concentram tanto nas abordagens sociológicas puras (humanista e interpretativista), quanto híbridas (estruturalista e pós-estruturalista) que são reconstruções epistêmicas avançadas que, definitivamente, não cabem nas fronteiras paradigmáticas.
O estudo demonstrou que os modelos baseados em paradigmas incomensuráveis não são adequados para orientar os estudos sobre gestão social pelas múltiplas abordagens sociológicas adotadas pelos pesquisadores desse campo. Nesse sentido, o círculo das matrizes epistêmicas se demonstrou mais adequado, pois ao invés da imposição da escolha de um quadrante estático, o círculo é uma proposta aberta e dinâmica que promove o diálogo de diferentes abordagens sociológicas, possibilitando o trânsito entre as matrizes epistêmicas.
BURRELL, G.; MORGAN, G. Social paradigms and organizational analysis: Elements of the sociology of corporate life. London: Heinemann Educational, 1979. CANÇADO, A. C.; PEREIRA, J. R.; TENÓRIO, F. G. Gestão social: epistemologia de um paradigma. Curitiba: CRV, 2013. PAES DE PAULA, A. P. Repensando os estudos organizacionais: por uma nova teoria do conhecimento. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2015. PAES DE PAULA, A. P. Para além dos paradigmas nos Estudos Organizacionais: o Círculo das Matrizes Epistêmicas. Cadernos EBAPE. BR, v. 14, n. 1, p. 24-46, 2016.