Resumo

A economia compartilhada (EC) faz parte de um movimento da sociedade associado à difusão de novas tecnologias, dispositivos e práticas de consumo e colaboração (HEINRICHS, 2013). A combinação e difusão de sistemas informacionais, dispositivos e plataformas digitais integram um novo contexto relacionado aos costumes e hábitos de consumo envolvendo novos valores, práticas, desenvolvimento sociotecnológico e econômico-social (HEINRICHS, 2013; BRADLEY et al., 2017). Assim torna-se relevante analisar e compreender como ocorrem as ações de troca e interações realizadas pelas plataformas digitais.

Problema de Pesquisa: Como ocorrem as interações e trocas entre os indivíduos mediados pelas plataformas digitais tecnológicas na economia compartilhada? Objetivos: Analisar como ocorrem as interações e trocas de compartilhamento entre os indivíduos quando mediados pelas plataformas tecnológicas digitais, no contexto da EC.

EC é considerada um sistema socioeconômico desenvolvido e suportado por meio de novos modelos de negócios e plataformas digitais (BELK, 2013; SCHOR, 2014). Pesquisar e estudar as relações dos indivíduos e das plataformas digitais com a EC é um tema emergente (BREIDBACH et al., 2017; BRADLEY et al., 2017). Neste sentido, o coletivo é composto por atores humanos e não humanos, que são representados por indivíduos (consumidores e prestadores) e plataformas (aplicações, dispositivos e técnicas), que constantemente se moldam e atuam em um fluxo em movimento de uma rede única (LATOUR, 2012).

Método Ator Rede de seguir os atores, analisando as inscrições observadas pessoalmente e virtualmente. O estudo foi uma abordagem qualitativa de caráter exploratório realizado em setembro de 2017 e janeiro de 2018, foram realizadas observações participantes nas cidades e 30 entrevistas com um roteiro semi-estruturado e de forma pessoal com consumidores\usuários dos serviços e uma com um dirigente da operação brasileira.

Ao analisar e comparar o comportamento dos consumidores, usuários do Bike Poa e do Mobi,ficam evidenciados algumas das motivações que levam ao engajamento, indução e conexão relacionadas à proposta, de fazer com que estes compartilhem as bicicletas com o objetivo de promover a redução no trânsito, à integração com os sistemas de transporte público, a sustentabilidade e as atitudes de compartilhamento e bem estar social.Neste contexto,as plataformas Bike Poa e Mobi buscam gerar valor (ZHANG et al., 2018) e promovem uma interação das ações mediando o comportamento dos consumidores e prestadores.

Portanto, o modelo apresentado permite analisar melhor os processos proporcionados pelos atores envolvidos na rede, explorando o papel das plataformas em conectar e induzir os indivíduos (consumidores e prestadores). Notou-se assim, um processo de mediação onde as características, interfaces, recursos de design, comunicação e funcionalidades de dados e algoritmos propostos e difundidos pelas plataformas digitais de compartilhamento podem alterar e mediar os comportamentos e as formas de se fazer o consumo e a produção dos negócios, que estão inseridos neste contexto da economia compartilhada.

Belk, R. (2013). You are what you can access: Sharing and collaborative consumption online. Journal of Business Research, 67(8), 1595-1600. Breidbach, C. F., & Brodie, R. J. (2017). Engagement platforms in the sharing economy: conceptual foundations and research directions. Journal of Service Theory and Practice, 27(4). Heinrichs, H (2013). Sharing Economy: a potential new pathway to sustainability. GAIA – Ecological Perspectives for Science and Society, v. 22, n. 4, p. 228-231. Latour, Bruno (2012). Reagregando o social. Salvador: Ed ufba, 2012; Bauru. São Paulo.