Resumo

Título do Artigo

Inovação na Gestão Pública como “Possibilidade Objetiva”: O Caso do Pacto pela Educação de Pernambuco sob a Ótica da Administração para o Desenvolvimento
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Palavras Chave

Inovação na gestão pública
Possibilidade objetiva
Administração para o Desenvolvimento

Área

Administração Pública

Tema

Atendimento ao Cidadão e Prestação de Serviços e Inovação em Gestão Pública

Autores

Nome
1 - Jessica Rani Ferreira de Sousa
UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO (UFPE) - Centro de Ciências Sociais Aplicadas

Reumo

Nos termos do que trata a Administração para o Desenvolvimento, uma disciplina da área da gestão há anos em busca de relevância, destaca-se a efetividade como um indicador de valor que deve permear as ações da Administração Pública (MOTTA, 1972). Pela ótica de Ramos (1966; 1983a), vincular o “desenvolvimento” e a “modernização” das sociedades à mudança social constitui um dos mais relevantes caminhos para se compreender as diversas possibilidades de desenvolvimento dos Estados.
O presente trabalho objetivou investigar como o Pacto pela Educação de Pernambuco (PPE), como política educacional – por ora adotada como objeto de estudo – contribui para fomentar práticas que caracterizem, de fato, inovações na gestão, dentre outros pilares, pela perspectiva da efetividade da política pública, adotando, como lente teórica e sensibilizante, a Teoria das Possibilidades e a abordagem guerreirista sobre gestão e desenvolvimento.
Revisitando a literatura guerreirista, vislumbrar o desenvolvimento pelo prisma das possibilidades significa “converter possibilidades concretas em ação” (1983b), p. 38). Para demarcar essa necessidade de renovação como “possibilidade genuína” de mudança – tal qual referenciam Heidman e Salm (2009), Ramos (1983b) destaca ainda que a Administração do Desenvolvimento deve começar em casa, e valida a necessidade de uma administração “adaptativa”, especialmente para os países considerados periféricos, e de um “clima de inovação” na Administração Pública.
Estudo de caso qualitativo. Os instrumentos de coleta de dados envolveram análise documental e realização de 18 entrevistas semiestruturadas, entre outubro de 2016 e janeiro de 2017, considerando respondentes dos níveis estratégico e tático de operacionalização de estratégias gerais do PPE. Como técnica de análise dos dados coletados, foi utilizada a análise temática de conteúdo (BARDIN, 1977; GOMES, 1994). A Administração para o Desenvolvimento e a Teoria das Possibilidades foram tomados como conceitos sensibilizantes para a criação das categorias, segundo indicado por Charmaz (2006).
As categorias identificadas concentraram-se em torno de práticas especificamente advindas com o PPE: o uso de indicadores de desempenho e a publicitação de descritores escolares, ou dos resultados do Pacto, pela perspectiva do SIEPE, dos painéis de gestão e pela própria mídia. Os sinalizadores de efetividade identificados para essas categorias disseram respeito a: criação de um olhar diferenciado para as escolas e para os alunos prioritários da rede pública; credibilidade, transparência, percepção de empoderamento e aprimoramento da consciência sobre o contexto escolar.
A análise dos resultados obtidos mostrou que, pela ótica do desenvolvimento das possibilidades, seria plausível concluir que diversas estratégias de desenvolvimento se tornam efetivamente viáveis por meio de “possibilidades objetivas”, as quais emergem da inovação. Sob esta perspectiva, faz sentido inferir que o estudo sobre práticas de inovação, mesmo que pela ótica da gestão, também permite lançar um olhar delicado para a realidade fora do contexto no qual ela se manifesta (no caso do PPE, para além do contexto escolar).
HEIDEMANN, F. G.; SALM, J. F. Políticas públicas e desenvolvimento: bases epistemológicas e modelos de análise. Brasília: UnB, 2009. RAMOS, A. G. Administração e estratégia do desenvolvimento: elementos de uma sociologia especial da administração. Fundação Getúlio Vargas, Serviço de Publicações, 1966. RAMOS, A. G. A modernização em nova perspectiva: em busca do modelo da possibilidade. Rev. Adm. Pública, vol. 17, n. 1, p. 5-31, jan/mar. 1983a. SEPLAG. Todos por PE. Disponível em: . Acesso em: 03/05/2018.