Lógicas Institucionais
Administração Pública Municipal
Análise de Discurso
Área
Administração Pública
Tema
Gestão Organizacional: Governança, Planejamento, Recursos Humanos e Capacidades
Autores
Nome
1 - André Luís Janzkovski Cardoso UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO (UFMT) - Campus Rondonópolis
Reumo
Lógicas institucionais podem ser compreendidas como conjuntos abrangentes de princípios que prescrevem como uma determinada realidade organizacional deve ser interpretada e qual o comportamento adequado. As organizações percebem essa complexidade institucional sempre que enfrentam prescrições incompatíveis a partir de várias lógicas institucionais. A pluralidade dessas diferentes lógicas no campo institucional prescreve diferentes práticas e na medida em que essas prescrições e proscrições de diferentes lógicas são incompatíveis, inevitavelmente, geram desafios e tensões para tais organizações
Problema de Pesquisa: Como os diferentes atores sociais percebem as influências das diferentes lógicas institucionais em eventos estratégicos de uma prefeitura de um município brasileiro?
Objetivo: Compreender a complexidade institucional e a presença de diferentes lógicas institucionais em eventos estratégicos de uma prefeitura de um município brasileiro.
Friedland e Alford (1991, p. 243) definem lógicas institucionais como "[...] sistemas simbólicos e formas de ordenar a realidade que torna a experiência de tempo e espaço significativa". Para Greenwood et al. (2011) lógicas institucionais são conjuntos abrangentes de princípios que prescrevem como uma determinada realidade organizacional deve ser interpretada e qual o comportamento adequado. Porém, a complexidade institucional está em contínuo fluxo, e a posição de uma organização dentro de um campo organizacional molda a maneira e a intensidade que tal organização experimentará a complexidade
Foram utilizadas diversas fontes de coleta de dados, por meio de entrevistas, levantamento documental e observações não participantes, durante o acompanhamento das metas do planejamento estratégico do município pesquisado. A análise dos dados levou em consideração o modelo de Gioia et al. (2012) para o inter-relacionamento entre temas identificados, associados a cerca de 2.000 fragmentos de falas e a 20 memorandos, que depois foram reanalisados e reagrupados em subcategorias distintivas e finalmente em categorias analíticas, adotando também a técnica da análise do discurso.
Este estudo discute a inter-relação entre a lógica política hegemônica que passa a ser desafiada por outras lógicas, a gerencial e a do controle social, ingressantes no campo tendo como ator principal um órgão fiscalizador com autoridade para legitimar suas ações. A resposta da prefeitura a lógicas competitivas é parcialmente uma função de como são dadas vozes às lógicas dentro da organização, e a habilidade da voz ser ouvida está ligada à influência dos proponentes daquela lógica no nível do campo sobre os recursos que eles controlam, incluindo a legitimidade (GREENWOOD et al., 2011).
Foram identificadas três lógicas institucionais (Política, Gerencial e Controle Social) que foram apresentadas e discutidas considerando aspectos como racionalidade, Governança, legitimidade e envolvimento social.
A identificação de lógicas institucionais e das diferenças entre as mesmas resulta na complexidade institucional relacionada ao contexto espaço-tempo deste estudo. A influência do TCE sobre a prefeitura pesquisada reforça que atores poderosos podem fazer uso da autoridade e do poder coercitivo para legitimar um quadro normativo que, tanto apoia quanto restringe o comportamento social
FRIEDLAND, R.; ALFORD, R. R. Bringing society back in: symbols, practices, and institutional contradictions. In: POWELL, W. W.; DIMAGGIO, P. J. (Eds). The new institutionalism in organizational analysis. Chicago: The University of Chicago Press, p. 232-263, 1991.
GIOIA, D.A.; CORLEY, K.G.; HAMILTON, A. Seeking qualitative rigor in inductive research: Notes on the Gioia Methodology. Organizational Research Methods, 16(1) 15-31, 2012
GREENWOOD, R et al. Institutional Complexity and Organizational Responses. The Academy of Management Annals, 5:1, 317-371, 2011.