Resumo

O modelo de negócios opera como o nível intermediário entre a estratégia e os processos operacionais, traduzindo e tangibilizando os objetivos estratégicos em definições operacionais de como uma organização cria, entrega e captura valor. Entretanto, boas estratégias precisam ser implementadas adequadamente para que produzam o resultado esperado, o que dificilmente ocorre.

Muito se discute na literatura a relação entre o planejamento estratégico e o modelo de negócios, mas esse ensaio teórico se propõe a esmiuçar o elo posterior, entre o modelo e sua implementação. O principal objetivo deste ensaio teórico é discutir “qual o papel do modelo de negócios na implementação de estratégias”, através da articulação das literaturas de modelo de negócios e de implementação estratégica, de forma a salientar pontos de convergência e divergência entre elas.

O modelo de negócios (MN) pode ser compreendido como um guia conceitual, racional e estruturado de como uma organização cria, entrega e captura valor, propondo-se a simplificar as inúmeras variáveis que compõe a estratégia de uma empresa, de forma coerente e unificada, favorecendo a compreensão dos gestores e seu foco na operacionalização. Ao desconsiderar elementos essenciais à implementação o MN poderia produzir heurísticas de decisão falhas na liderança. Escolheu-se o canvas como MN genérico, bem como 9 fatores influentes na implementação, por sua ampla difusão e utilização na literatura.

Primeiramente, discute-se modelo de negócios como tradução da estratégia, seguido de sua relação com a implementação estratégica. Na sequência, os nove principais desafios da implementação e seus vínculos a literatura de modelos de negócios são discutidos individualmente (formulação da estratégia; relacionamento entre diferentes unidades de negócios; liderança; comunicação; táticas de implementação; consenso; comprometimento; estrutura organizacional e sistemas administrativos), apenas para efeitos didáticos, uma vez que são interdependentes na realidade.

As conclusões apontam inúmeras vantagens que a existência de um modelo de negócios formal exerce sobre a execução, mas destaca críticas cabíveis acerca do caráter estático do modelo de negócios canvas e à falta de ênfase a processos e heurísticas cognitivas de comunicação, relacionamento e gestão do conhecimento, essenciais à obtenção do resultado. Contribuições e estudos futuros são sugeridos ao final.

Teece, 2010; Osterwalder & Pigneur, 2010; Massa et al, 2017; Cortimiglia et al, 2016; Li et al., 2008; Choudary, 2015; Pedroso, 2016; Zott & Amit, 2008; Hossain & Hossain, 2017; McGrath, 2010; Zott et al., 2011; Cândido & Santos, 2015; Täuscher & Abdelkafi, 2017; Baden-Fuller & Haefliger, 2013; Skivington & Daft, 1991; Noble 1999; Kaplan & Norton, 2001