Resumo

O ambiente local no qual as subsidiárias estão inseridas influencia o que elas podem aprender e como esse conhecimento pode gerar inovações. A distância institucional pode gerar oportunidades e criar obstáculos em relação à aprendizagem, capacidade de resposta, integração de conhecimento e inovação. Outrossim, o embeddedness pode auxiliar as subsidiárias a superar os efeitos negativos da distância institucional quando realizam parcerias locais com mútua confiança, visando-se acumular capacidades tecnológicas capazes de criar uma base para o desenvolvimento de capacidades inovadoras.

O problema de pesquisa visa responder se: A distância institucional é um obstáculo para o desenvolvimento de capacidades tecnológicas de alta complexidade, ou seja, de capacidades inovadoras em subsidiárias estrangeiras instaladas no Brasil? Sendo assim, o objetivo geral pretende mostrar que o embeddedness externo mitiga o papel negativo da distância institucional no processo de desenvolvimento de capacidades tecnológicas de alta complexidade.

O referencial teórico diferencia as capacidades tecnológicas de baixa complexidade das capacidades tecnológicas de alta complexidade, fundamentando-se no modelo de Figueiredo (2004) que utiliza uma métrica alternativa aplicável de forma empírica para identificar e medir a capacidade tecnológica de empresas que operam no contexto emergente. Aborda-se o papel da distância institucional e apontam-se pressões decorrentes do seu grau de distanciamento e trabalha-se a confiança advinda do embeddedness como fator determinante para o alcance de capacidades inovadoras em subsidiárias estrangeiras.

A abordagem é quantitativa. Os dados primários foram coletados com a aplicação de um survey realizado em 2014, cuja amostra final é de cento e trinta subsidiárias estrangeiras instaladas no Brasil. Os dados secundários relativos aos indicadores de distância institucional foram coletados no site do Worldwide Governance Indicators (WGI, 2014). Os dados são analisados via modelagem por equações estruturais (SEM) porque o modelo proposto envolve uma relação de caminho. Apresenta-se o modelo, a construção das variáveis, os pressupostos e índices de ajuste do modelo.

A distância institucional dos países de origem das subsidiárias estrangeiras está negativamente relacionada com o desenvolvimento de capacidades tecnológicas de baixa complexidade (H1). O embeddedness externo está positivamente associado ao desenvolvimento dessas capacidades (H2a). O embeddedness modera positivamente a relação entre a distância institucional e o desenvolvimento de capacidades tecnológicas de baixa complexidade (H2b). A capacidade tecnológica de baixa complexidade está associada positivamente ao desenvolvimento de capacidades tecnológicas de alta complexidade (H3).

Os resultados reforçam a perspectiva de acumulação de capacidades tecnológicas e a necessidade de analisar a inovação num micro nível, lança reflexões sobre o impacto direto da inserção em redes em capacidades tecnológicas mais complexas, quando o foco é direcionado para empresas que atuam em países em desenvolvimento, pois essa relação existe, mas é intermediada pelas capacidades tecnológicas de baixa complexidade. Embora casos já relatem essa ótica, pesquisas surveys não evidenciaram essa relação. Assim, o estudo permite a ampliação do espectro dos achados dos casos relatados na literatura.

Figueiredo, P. N. (2004). Aprendizagem tecnológica e inovação industrial em economias emergentes: uma breve contribuição para o desenho e implementação de estudos empíricos e estratégias no Brasil. Revista Brasileira de Inovação, 3(2), 323-361. Williams, C., & Du, J. (2014). The impact of trust and local learning on the innovative performance of MNE subsidiaries in China. Asia Pacific Journal of Management, 31(4), 973-996.