Resumo

O Norte de Minas Gerais é uma região historicamente marcada pelas secas e pela forte desigualdade social e contraste com o restante do Estado. Trata-se de uma região historicamente marcada pela intervenção da SUDENE por integrar o polígono das secas e a sua economia, predominante rural, sofre os efeitos das contínuas secas que assolam a região. É nesse contexto que se encontra o curso de Administração da UNIMONTES, pioneiro na oferta de formação na área. Este estudo visa apresentar os sentidos do curso de Administração da Universidade na perspectiva de professores da década de 1970.

Parte-se da seguinte pergunta de pesquisa: quais as percepções de professores-aposentados do curso de Administração da UNIMONTES sobre o papel do curso na evolução dos saberes em administração e no desenvolvimento da economia em Montes Claros/MG e no Norte de Minas? Com base nessa pergunta de pesquisa, o objetivo do presente trabalho é analisar o conteúdo das percepções apresentadas pelos professores sobre o tema.

Em Minas Gerais, assim como no Brasil, a implantação da graduação em administração foi reflexo direto das demandas do mercado. Em um contexto de fortalecimento do mercado interno, apoio do governo para o desenvolvimento econômico e o processo de industrialização, tornou-se imperativa a formação de mão-de-obra qualificada. Originou-se, desse modo, uma demanda maior para cursos da área econômica e administrativa (BARROS, 2014; BAHIA, 2005). A figura do administrador profissional traz a promessa do desenvolvimento econômico (BARROS, 2014).

Ao realizar a historiografia do curso de administração da UNIMONTES, através da análise de documentos históricos do curso e a perspectiva de professores aposentados deste departamento, foi adotada uma abordagem qualitativa. Sobre a coleta de dados, foi realizado por meio de entrevistas individuais semiestruturadas, direcionadas a professores aposentados no curso estudado, que tiveram, em média, 54 minutos cada. A definição dos sujeitos da pesquisa foi por meio do método “bola de neve” devido à dificuldade em identificar a população. Como método de análise, foi utilizada a análise de conteúdo.

Assim como na implantação de outros cursos de Administração no Brasil, o curso de Administração da UNIMONTES foi fortemente influenciado pela situação econômica vivenciada no período, desta forma, o curso surge como meio de suprir a demanda de profissionais qualificados para o mercado. A trajetória do curso foi marcada pela predominância de aspectos funcionalistas, tais aspectos, são justificados pelo contexto de surgimento do curso. Os acadêmicos, principalmente os das primeiras turmas, eram formados para atender as demandas das empresas locais.

Entender o passado e a evolução dos saberes em Administração nos permite rever o presente e planejar o futuro, repensar e buscar desenvolver o campo da Administração, assim como no perfil de profissional necessário para os próximos anos. 45 anos do curso de Administração se passaram, e o profissional pragmático, fortemente influenciado pelo padrão estabelecido pelo management se instalou com sucesso. Mas, em tempos de complexidade nas organizações, em que os conflitos e a gestão se diversificam em várias pautas, essa formação é suficiente?

BARROS, Amon. Uma narrativa sobre os cursos superiores em Administração da FACE/UFMG: dos primeiros anos à sua unificação em 1968. Cadernos EBAPE. BR, v. 12, n. 1, p. 7, 2014. BERTERO, Carlos Osmar et al. Os desafios da produção de conhecimento em administração no Brasil. Cadernos EBAPE. BR, v. 11, n. 1, p. 181-196, 2013 COSTA, Alessandra de Sá Mello da; BARROS, Denise Franca; SARAIVA, Luiz Alex Silva. Management industry. Cadernos Ebape. br, v. 12, n. 1, p. 01-06, 2014.